O Congresso de Londres do Partido Operário Social-Democrata da Rússia
(Apontamentos de um delegado)(1)

J. V. Stálin

20 de Junho e 10 de Julho de 1907


Primeira Edição: no “Bakinski Proletari” (“O Proletário de Baku”), n.os 1 e 2, 20 de junho e 10 de julho de 1907.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 54-82, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
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Fernando A. S. Araújo
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capa

O Congresso de Londres terminou. A despeito das expectativas dos escrevinhadores liberais — os diversos Verguejski e as diversas Kúskova(2) — o Congresso não nos acarretou a cisão, mas sim maior coesão do Partido, maior união dos operários avançados de toda a Rússia num partido bem coeso. O Congresso foi verdadeiramente um Congresso de unificação para toda a Rússia, pois que nele estavam representados, pela primeira vez, do modo mais completo, os companheiros poloneses, membros do Bund e letões; pela primeira vez eles tomaram parte ativa nos trabalhos de um Congresso do Partido e, portanto, pela primeira vez ligaram de modo mais imediato a sorte de suas organizações aos destinos de todo o Partido. Sob esses aspecto, graças ao Congresso de Londres o trabalho para reforçar e tornar mais coeso o Partido Operário Social-Democrata da Rússia deu um notável passo à frente.

Esse é o primeiro resultado importante do Congresso de Londres.

Mas a importância do Congresso de Londres não está toda aí. O fato é que, a despeito dos sobreditos escrevinhadores liberais, o Congresso terminou com a vitória do “bolchevismo”, com a vitória da social-democracia revolucionária sobre a ala oportunista do nosso Partido, sobre o “menchevismo”. Ninguém, decerto, ignora as nossas divergências acerca da função das diversas classes e dos diversos partidos em nossa revolução e acerca de nossa atitude para com eles. Ninguém ignora tampouco que o centro oficial do Partido, composto de mencheviques, em toda uma série de intervenções colocou-se em contraposição ao Partido no seu conjunto. Lembrai-vos também somente da história da palavra de ordem do Comitê Central a respeito do ministério responsável cadete, repelida pelo Partido durante a primeira Duma; a história da palavra de ordem do mesmo C.C. sobre a “reabertura da sessão da Duma” após a dissolução da primeira Duma, também repelida pelo Partido; a história do conhecido apelo do C.C. à greve geral pela dissolução da primeira Duma, também esses repelido pelo Partido... Era necessário pôr um paradeiro a essa situação anormal. E por sua vez, para fazer isso era necessário tirar as conclusões das vitórias alcançadas de fato pelo Partido sobre o C. C. oportunista, vitórias de que está cheia a história do desenvolvimento interno do nosso Partido em todo o ano recém-transcorrido. E foi o Congresso de Londres que tirou as conclusões de todas essas vitórias da social-democracia revolucionária, e, assegurando a esta última a vitória, aceitou-lhe a tática.

Doravante, então, o Partido aplicará rigorosamente a política de classe do proletariado socialista. A bandeira vermelha do proletariado não será mais arriada diante dos retóricos do liberalismo. As hesitações próprias de intelectuais, não de proletários, receberam um golpe mortal.

Esse é o segundo resultado, não menos importante, do Congresso de Londres do nosso Partido.

Efetiva união dos operários avançados de toda a Rússia num partido único, sob a bandeira da social-democracia revolucionária: tal é o significado do Congresso de Londres, tal é o seu caráter geral.

Passemos agora a uma análise mais particularizada do Congresso.

I - A composição do Congresso

Ao todo, estavam presentes ao Congresso cerca de 330 delegados: 302 com voto deliberativo, representando mais de 150.000 membros do Partido; os outros com voto consultivo. Pela fração a que pertenciam, os delegados dividiam-se aproximadamente assim (somente com voto deliberativo): 92 bolcheviques, 85 mencheviques, 54 membros do Bund, 45 poloneses e 26 letões.

Quanto à condição social dos participantes do Congresso (operários e não operários), o Congresso apresentava o seguinte quadro: operários ocupados em trabalho manual, ao todo 116; empregados e comerciários, 24; os outros não eram operários. Além disso, os operários ocupados em trabalhos manuais estavam divididos por frações do seguinte modo: na fração bolchevique, 38 (36%); na menchevique, 30 (31%); entre os poloneses, 27 (61%); entre os letões, 12 (40%); entre os membros do Bund, 9 (15%); ao passo que os revolucionários profissionais estavam assim divididos: na fração bolchevique, 18 (17%); na menchevique, 22 (22%); entre os poloneses, 5 (11%); entre os letões, 2 (6%); entre os membros do Bund, 9 (15%).

Estávamos todos “surpresos” com essa estatística. Como! Os mencheviques haviam gritado tanto contra a composição intelectual do nosso Partido, dia e noite haviam censurado os intelectuais bolcheviques, haviam ameaçado de expulsar todos os intelectuais do Partido, haviam continuamente insultado os revolucionários profissionais, e de repente verificou-se que na sua fração havia muito menos operários que entre os bolcheviques “intelectuais”! Verificou-se que entre eles havia muito mais revolucionários profissionais que entre os bolcheviques ! Porém nós achamos a explicação dos uivos dos mencheviques: “a língua bate onde o dente dói”...

Ainda mais interessantes são as cifras sobre a composição do Congresso do ponto de vista da “repartição territorial” dos delegados. Verificou-se que os grupos mais numerosos de delegados mencheviques foram enviados sobretudo pelas zonas agrícolas e artesãs: Gúria (9 delegados), Tiflís (10 delegados), organização camponesa Spilka, da Pequena Rússia (12 delegados, parece-me), Bund (enorme maioria menchevique) e, como exceção, bacia do Donetz (7 pessoas). Ao passo que os grupos mais numerosos de delegados bolcheviques foram enviados exclusivamente pelas zonas da grande indústria: Petersburgo (12 delegados), Moscou (13 ou 14 delegados), Urais (21 delegados), Ivánovo-Voznessensk (11 delegados), Polônia (45 delegados).

É evidente que a tática dos bolcheviques é a tática dos proletários da grande indústria, a tática das zonas onde as contradições de classe são particularmente claras e a luta de classes particularmente árdua. O bolchevismo é a tática dos verdadeiros proletários.

Por outro lado, não é menos evidente que a tática dos mencheviques é preponderantemente a tática dos operários artesãos e dos camponeses semiproletários, a tática das zonas onde as contradições de classe não são de todo claras e a luta de classes é mascarada. A tática do menchevismo é a tática dos elementos semiburgueses do proletariado.

As cifras falam claro.

E não é difícil compreendê-lo: não se pode falar a sério com os operários de Lodz, de Moscou ou de Ivánovo-Voznessensk sobre um bloco com aquela mesma burguesia liberal cujos membros dirigem contra eles uma luta encarniçada e que frequentemente os “punem” com despedidas parciais e lockouts em massa. Aí os mencheviques não encontram simpatias, aí é necessário o bolchevismo, a tática da luta de classes proletária, intransigente. E vice-versa, é extremamente difícil inculcar a ideia da luta de classes nos camponeses da Gúria ou em algum artesão de Chklov, que não experimentam sistematicamente os pesados golpes da luta de classes e estão prontos a concluir qualquer acordo contra o “inimigo comum”. Aí por ora não é necessário bolchevismo; é preciso o menchevismo, pois tudo está ainda impregnado da atmosfera dos acordos e dos compromissos.

Não menos interessante é a composição do Congresso do ponto de vista das nacionalidades. A estatística mostrou que a maioria da fração menchevique é constituída de judeus (naturalmente sem se levar em conta os membros do Bund); depois vêm os georgianos e depois ainda os russos. A enorme maioria da fração bolchevique é, ao invés, constituída de russos, após vêm os judeus (naturalmente não se levando em conta os poloneses e os letões), depois ainda os georgianos, etc. A esses respeito, alguém entre os bolcheviques (Alexinski(3), parece-me) notou pilheriando que os mencheviques são uma fração judaica, os bolcheviques uma fração russa pura e, portanto, não teria sido mau para nós, bolcheviques, organizar um pogromo no Partido.

E não é difícil explicar tal composição das frações: são focos do bolchevismo sobretudo as zonas da grande indústria que são puramente russas, com exclusão da Polônia, ao passo que as zonas mencheviques são as da pequena produção, que são ao mesmo tempo zonas habitadas por judeus, georgianos, etc.

No concernente às tendências que se delinearam no Congresso, é preciso notar que a divisão formal do Congresso em cinco frações (bolcheviques, mencheviques, poloneses, etc.), manteve uma certa força — pouco apreciável, é verdade — somente até quando não foram discutidas as questões de princípio (questão dos partidos não proletários, do congresso operário, etc.). Desde o momento em que se iniciou a discussão das questões de princípio, o agrupamento formal foi posto de lado e nas votações o Congresso dividiu-se habitualmente em duas partes: bolcheviques e mencheviques. O Congresso não tinha o chamado centro ou pântano. Trotski apareceu como uma “bela inutilidade”. Além disso, todos os poloneses enfileiraram-se ao lado dos bolcheviques. A imensa maioria dos letões apoiou também nitidamente os bolcheviques. O Bund, cujos delegados em sua enorme maioria apoiaram sempre de fato os mencheviques, conduziu formalmente uma política em extremo ambígua, que suscitou sorrisos de uma parte e irritação da outra. A camarada Rosa Luxemburgo definiu com perfeição essa política do Bund, dizendo que não era a política de uma organização politicamente madura, que influencia as massas, mas uma política de mercadores eternamente em confiante expectativa: amanhã talvez o açúcar diminuirá de preço. Entre os membros do Bund, somente 8 a 10 delegados, e ainda nem sempre, apoiaram os bolcheviques.

Em geral, a maioria, e maioria bastante apreciável, estava do lado dos bolcheviques.

O Congresso era pois bolchevique, se bem que não nitidamente. Das resoluções mencheviques passou somente a relativa às operações de guerrilhas, e ainda de modo absolutamente casual: os bolcheviques dessa vez não aceitaram a batalha ou, melhor, não quiseram empenhar-se nela a fundo, simplesmente para “dar ensejo aos camaradas mencheviques de se alegrarem pelo menos uma vez”...

II - A ordem do dia. Relatório do C.C. Relatório da fração parlamentar

Do ponto de vista das tendências políticas, os trabalhos do Congresso poderiam ser divididos em duas partes.

Primeira parte: discussão das questões formais, como a ordem do dia do Congresso, os relatórios do C.C. e o relatório da fração parlamentar; questões com um significado político profundo, mas vinculadas e subordinadas à “honra” desta ou daquela fração — “só para não ofender” esta ou aquela fração, “só para não provocar a cisão” — e por isso chamadas questões formais. Essa parte do Congresso foi mais tempestuosa e absorveu a maior parte do tempo. E isso aconteceu porque as considerações de princípio foram relegadas a segundo plano por considerações “morais” (“só para não ofender”); portanto não se criou um agrupamento nitidamente determinado, não era possível adivinhar logo “quem teria levado a melhor”, e as frações, na esperança de atrair para seu lado os “corretos-neutros”, abandonaram-se a uma luta furiosa para obter a supremacia.

Segunda parte: debates sobre as questões de princípio, como a questão dos partidos não proletários, do congresso operário, etc. Aqui já estavam assentes as considerações de “moral”; os grupos tinham uma fisionomia mais precisa, segundo tendências de princípio rigorosamente determinadas; a correlação de forças entre as frações revelou-se logo, e, portanto, esta parte do Congresso foi mais calma e frutífera, testemunho evidente em favor do fato de que nos debates de um congresso as posições de princípio são a melhor garantia do rendimento e da calma dos seus trabalhos.

Passemos a uma breve análise da primeira parte dos trabalhos do Congresso.

Após o discurso do camarada Plekhánov — o qual abriu o Congresso e observou no seu discurso a necessidade de chegar a acordos “caso por caso” com os “elementos progressistas” da sociedade burguesa — o Congresso elegeu a presidência, composta de cinco pessoas (uma por fração), e a comissão dos delegados, e passou à elaboração da ordem do dia. É característico o fato de que neste Congresso, precisamente como no de unificação do ano passado, os mencheviques opuseram-se da maneira mais violenta à proposta dos bolcheviques no sentido de incluir na ordem do dia a questão do exame da situação atual e das tarefas de classe do proletariado em nossa revolução. A revolução vai em direção a um ascenso ou está em sua fase descendente? E, por conseguinte, é preciso “liquidá-la” ou dirigi-la a fundo? Quais são as tarefas de classe do proletariado em nossa revolução, tarefas que determinam uma nítida separação entre o proletariado e as outras classes da sociedade russa? Eis as perguntas que os camaradas mencheviques temem. Fogem a elas como a sombra foge ao sol, não querem que se faça luz sobre as raízes das nossas divergências. Por que? Porque na própria fração menchevique existem profundas divergências sobre essas questões, porque o menchevismo não é uma tendência homogênea, é uma mistura de tendências, que não se notam durante a luta fracionista contra os bolcheviques, porém afloram assim que se colocam do ponto de vista dos princípios as questões do momento e da nossa tática. Os mencheviques não querem revelar essa debilidade interna da sua fração. Os bolcheviques sabiam-no e para conseguirem que os debates tivessem um caráter de princípio mais acentuado, insistiram em que fossem postas na ordem do dia as questões lembradas acima. Os mencheviques, vendo que as questões de princípio os aniquilavam, começaram a fazer finca-pé, deram a entender aos “camaradas corretos” que se “ofenderiam”, e o Congresso não colocou na ordem do dia a questão do exame da situação, etc. Por fim, foi aprovada a seguinte ordem do dia:

★ ★ ★

Quanto ao relatório do C.C., os relatores principais foram o camarada Mártov (pelos mencheviques) e o camarada Riadovói(5) (pelos bolcheviques). O informe de Mártov não foi devidamente colocado visando à ilustração séria dos fatos, foi antes um relatório comovente de como, segundo o orador, o inocente C. C. se havia posto a dirigir o Partido e depois a fração parlamentar, de como os “horríveis” bolcheviques o impediram de agir, não lhe dando paz com o seu apego aos princípios. Uma vez que em seguida o Partido não havia aprovado as palavras de ordem do C.C. sobre o ministério cadete responsável, sobre a “reabertura da sessão da Duma”, etc., Mártov disse como justificativa que o momento era incerto e que nos períodos de calma não era possível lançar outras palavras de ordem. O insucesso do apelo do C.C. no sentido de uma greve geral, e depois no sentido de ações parciais logo após a dissolução da primeira Duma, Mártov justificou-o indicando aquela mesma situação incerta e a impossibilidade de se determinar de maneira precisa o estado de ânimo das massas. Muito pouco falou sobre o papel desempenhado pelo C.C. na cisão do organismo de Petersburgo(7). Em compensação, alongou-se demasiado sobre a conferência das organizações militares e de combate, formadas por iniciativa de um conhecido grupo, de bolcheviques, que levavam, segundo Mártov, a desorganização e a anarquia aos organismos do Partido. No final do relatório, Mártov convidou o Congresso a levar em conta as condições difíceis em que se desenvolvia o trabalho de direção do Partido, dado que o momento era particularmente complicado e confuso, e a não ser demasiado severo ao defrontar-se com o C. C. É evidente que o próprio Mártov reconhecia que o C.C. havia cometido graves pecados.

O relatório do camarada Riadovói teve um caráter absolutamente diverso. Segundo ele, o C.C. do Partido tem o dever:

  1. — de apoiar e aplicar o programa do Partido;
  2. — de pôr em prática as diretivas táticas dadas a ele pelo Congresso do Partido;
  3. — de salvaguardar a integridade do Partido;
  4. — de unificar o trabalho positivo do Partido.

O C.C. porém não havia assumido nem um desses deveres sequer. Ao invés de apoiar e aplicar o programa do Partido, tinha proposto à fração parlamentar social-democrata, no interesse da unidade da oposição e com o fim de atrair para o nosso lado os cadetes, não incluir, de acordo com o conhecido critério da primeira Duma sobre a questão agrária(8), o conhecido ponto do nosso programa sobre o confisco de todas as terras (dos latifundiários) e limitar-se à alienação das terras, sem a cláusula: com ou sem indenização.

Vejam só: o C.C. havia proposto omitir o ponto principal do programa do Partido, o ponto sobre o confisco das terras. O C.C. não havia levado em conta o programa do Partido! Um C.C. que não leva em conta o programa: podeis imaginar essa inaudita vergonha?

Há mais. Ao invés de aplicar pelo menos as diretivas do Congresso de unificação; ao invés de aprofundar sistematicamente a luta dos partidos no interior da Duma para tomar mais consciente a luta de classes fora da Duma; ao invés de fazer uma política estritamente de classe, independente, do proletariado, o C.C. havia lançado as palavras de ordem: ministério cadete responsável, “reinicio da sessão da Duma”, “pela Duma contra a camarilha”, etc., etc., palavras de ordem que ofuscam a luta dos partidos na Duma, amortecem as contradições de classes fora da Duma, anulam qualquer delimitação entre a política combativa do proletariado e a política conciliadora da burguesia liberal, adaptando a primeira à segunda. E quando um dos redatores do órgão central e, portanto, membro também do C.C., o camarada Plekhánov, fora ainda mais longe no caminho do acordo com os cadetes e propusera ao Partido formar um bloco com a burguesia liberal, renunciando à palavra de ordem da Assembleia Constituinte e lançando a da “Duma soberana”, aceitável pela burguesia liberal, o C.C. não só não havia protestado contra o achado de Plekhánov, que cobria de vergonha o Partido, mas até ficara de acordo com essa proposta, sem ter a coragem, aliás, de exprimir oficialmente o seu assentimento.

Eis como o Comitê Central do Partido descurou as mais elementares exigências da política de classe independente do proletariado e as decisões do Congresso de unificação!

Um C.C. que ofusca a consciência de classe do proletariado; um C.C. que subordina a política do proletariado à política da burguesia liberal; um C. C. que arria a bandeira do proletariado perante os charlatães do liberalismo cadete: eis a que ponto nos levaram os oportunistas do menchevismo!

Sem falar ainda no modo pelo qual o C.C. não só não preservou a unidade e a disciplina do Partido, como descurou-as sistematicamente, tomando a iniciativa da cisão no organismo de Petersburgo.

Não queremos tampouco alongar-nos sobre o fato de o C. C. não haver dado um critério único ao trabalho do Partido: isso é evidente por si mesmo.

Por que tudo isso, por que todos esses erros do C.C.? Não certamente porque no C.C. estavam reunidas pessoas “muito malvadas”, mas porque o menchevismo, que contaminava então o C.C., não está em condições de dirigir o Partido e faliu definitivamente como tendência política. Deste ponto de vista, toda a história do C.C. é a história da ruína do menchevismo. E quando os camaradas mencheviques repreendem-nos dizendo que nós “obstaculizávamos” o C.C., não os “deixávamos em paz”, etc., etc., a esses camaradas que nos pregam moral não podemos deixar de responder: sim, camaradas, nós “impedíamos” o C.C. de descurar o nosso programa, nós o “impedíamos” e continuaremos a impedi-lo de adaptar a tática do proletariado ao gosto da burguesia liberal, porque esses é o nosso sacrossanto dever...

Isso é o que aproximadamente disse o camarada Riadovói.

No decorrer dos debates verificou-se que a maior parte dos camaradas — até alguns membros do Bund — apoiava o ponto de vista do camarada Riadovói. E se todavia não foi aprovada a resolução dos bolcheviques que punha em relevo os erros do C.C., isso aconteceu porque entre os camaradas prevaleceu a consideração: “só para não provocar a cisão”. Não foi tampouco aprovada, naturalmente, a moção menchevique de confiança ao C.C.

Foi aprovada a simples passagem à ordem do dia, sem se emitir um juízo sobre a atividade do C.C...

★ ★ ★

Os debates sobre o relatório da fração parlamentar foram em geral uma repetição dos debates sobre a questão precedente. E é compreensível: a fração parlamentar havia agido sob a direção imediata do C.C. e, naturalmente, a crítica e a defesa do C.C. eram ao mesmo tempo a crítica e a defesa da fração parlamentar.

Interessante a observação do segundo relator, o camarada Alexinski (o primeiro tinha sido o camarada Tsereteli), o qual disse que a palavra de ordem da fração parlamentar, menchevique na maioria, sobre a unidade da oposição na Duma, contra o fracionamento da oposição e sobre a necessidade de marchar junto com os cadetes, essa palavra de ordem menchevique, segundo a expressão do camarada Alexinski, sofreu na Duma um xeque-mate, porque nas questões mais importantes, como as do orçamento, do exército, etc., os cadetes haviam marchado junto com Stolípin, e os social-democratas mencheviques tiveram de lutar ombro a ombro com os deputados camponeses contra o governo e os cadetes. Os mencheviques foram obrigados a constatar à luz dos fatos a falência de sua posição para aplicar na Duma a palavra de ordem dos bolcheviques, que sustentavam a necessidade de arrastar a reboque os deputados camponeses na luta contra as direitas e os cadetes.

Não menos interessante a observação dos camaradas poloneses, segundo os quais não é admissível que a fração parlamentar mantenha reuniões comuns com os nacional-democratas(9), aquelas centúrias negras da Polônia que organizaram várias vezes e continuam a organizar hoje os massacres de socialistas poloneses. Dois dirigentes dos mencheviques caucasianos(10) replicaram, um após o outro, que para a fração parlamentar não é importante o que os partidos fazem em sua casa, mas a sua conduta na Duma, e os nacional-democratas poloneses ali se comportam de modo mais ou menos liberal. Daí se verificava que não se devem definir os partidos pelo que fazem fora da Duma, mas pelo que dizem na Duma. Com oportunistas desse tipo é que se morre...

A maioria dos oradores compartilhou o ponto de vista do camarada Alexinski, mas também sobre essa questão não foi todavia aprovada nenhuma resolução, mais uma vez pela mesma consideração: “não ofender”. Adiando a questão da resolução, o Congresso passou diretamente à questão seguinte.

III - Os partidos não proletários

Das questões formais passemos às questões de princípio, às questões que determinaram as nossas divergências.

As questões que determinaram as nossas divergências táticas são as dos destinos prováveis da nossa revolução e da função das diversas classes e dos diversos partidos da sociedade russa nessa revolução. Que a nossa revolução é burguesa, que ela deverá encerrar-se com a derrota não da ordem capitalista, mas da feudal, que pode ser coroada somente pela república democrática, sobre isto, parece, em nosso Partido todos estão de acordo. Ainda, que a nossa revolução encaminhou-se em geral para um ascenso e não para uma fase descendente e que nossa tarefa não é “liquidá-la” mas levá-la a termo, sobre isto também, pelo menos formalmente, todos estão de acordo, uma vez que os mencheviques, como fração, ainda não declararam em nenhum lugar o contrário. Mas como levar a termo a nossa revolução? Qual é a função do proletariado, do campesinato, da burguesia liberal nessa revolução? Com qual combinação das forças combatentes se poderia conduzir ao término a revolução atual? Com quem marchar, combater quem, etc., etc.? Eis onde começam as nossas divergências.

Opinião dos mencheviques. Já que a nossa revolução é burguesa, só a burguesia pode ser a cabeça da revolução. A burguesia esteve ã testa da Grande Revolução na França, esteve à testa das revoluções em outros estados europeus; ela deve estar também à testa da nossa revolução russa. O proletariado é o principal combatente na revolução, mas deve marchar atrás da burguesia e impeli-la para a frente. Também o campesinato é uma força revolucionária, mas nele há muito de reacionário, e assim o proletariado deve empreender ações comuns com os camponeses muito mais raramente que com a burguesia democrático-liberal. A burguesia é um aliado mais seguro do proletariado do que o campesinato. Todas as forças combatentes devem agrupar-se em torno da burguesia democrático-liberal como em torno de um chefe. Não se deve pois determinar nossa atitude para com os partidos burgueses baseada no princípio: junto com os camponeses contra o governo e a burguesia liberal, com o proletariado à testa, mas com base no princípio oportunista: junto com toda a oposição contra o governo, com a burguesia liberal à teste. Daí a tática do acordo com os liberais.

Tal é a opinião dos mencheviques.

Opinião dos bolcheviques. A nossa revolução é na realidade burguesa, mas isso não significa ainda que à testa dela deva estar a nossa burguesia liberal. No século XVIII a burguesia francesa esteve à frente da Revolução francesa. Mas por que? Porque o proletariado francês era débil, não agia de modo independente, não lançava as suas reivindicações de classe, não tinha nem consciência de classe nem organização, marchava então a reboque da burguesia, e a burguesia servia-se dele como instrumento para os seus fins burgueses. Como vedes, a burguesia não tinha necessidade então de um aliado, representado pelo poder tzarista, contra o proletariado — o próprio proletariado era o seu aliado-servidor — e assim podia ser revolucionária, pôr-se até à testa da revolução.

Coisa absolutamente diversa observa-se entre nós, na Rússia. Não se pode em absoluto dizer que o proletariado russo seja débil: já faz alguns anos que age de modo plenamente autônomo, lançando as suas reivindicações de classe; está suficientemente armado de consciência de classe para compreender os seus interesses; está agrupado em seu partido; possui o partido mais forte existente na Rússia, um partido com seu programa próprio e seus princípios táticos-orgânicos próprios; com este partido à testa já alcançou muitas vitórias brilhantes sobre a burguesia... Dadas essas condições, pode o nosso proletariado contentar-se com a função de apêndice da burguesia liberal, com a função de mísero instrumento nas mãos dessa burguesia? Pode, deve seguir a essa burguesia, dela fazendo a própria cabeça? Pode não ser a cabeça da revolução? Mas observai o que acontece no campo de nossa burguesia liberal: a nossa burguesia, amedrontada com o espírito revolucionário do proletariado, em vez de colocar-se à testa da revolução, joga-se nos braços da contrarrevolução, alia-se com ela contra o proletariado. E o seu partido, o partido dos cadetes, entra em acordo abertamente, na frente de todo o mundo, com Stolípin, vota a favor do orçamento e do exército, com toda a vantagem para o tzarismo e contra a revolução popular. Não é quiçá claro que a burguesia liberal russa representa uma força antirrevolucionária, contra a qual é preciso mover a luta mais implacável? E não tinha talvez razão o camarada Kautsky quando dizia que, onde o proletariado age de modo independente, a burguesia cessa de ser revolucionária? ...

Então: a burguesia liberal russa é antirrevolucionária; não pode ser nem a força motriz nem, muito menos, a cabeça da revolução; é o inimigo jurado da revolução e contra ela é preciso mover uma luta obstinada.

A única cabeça da nossa revolução, que tem o interesse e a possibilidade de conduzir atrás de si as forças revolucionárias da Rússia no assalto contra a autocracia tzarista, é o proletariado. Somente o proletariado pode reunir em torno de si os elementos revolucionários do país, só ele pode levar a termo a nossa revolução. A tarefa da social-democracia é fazer todo o possível para preparar o proletariado para a função de cabeça da revolução.

Aí está o núcleo do ponto de vista bolchevique.

À pergunta: quem então pode ser um aliado seguro do proletariado para levar até o fim a nossa revolução? — os bolcheviques respondem: os únicos aliados do proletariado, mais ou menos seguros e fortes, são os camponeses revolucionários. Não a burguesia liberal traidora, mas sim os camponeses revolucionários bater-se-ão junto com o proletariado contra todos os sustentáculos da ordem feudal.

A nossa atitude para com os partidos burgueses deverá pois ser determinada pelo princípio: junto com os camponeses revolucionários contra o tzarismo e a burguesia liberal, com o proletariado à testa. Daí, a necessidade da luta contra a hegemonia (direção) da burguesia cadete e, por conseguinte, a inadmissibilidade de um acordo com os cadetes.

Esta é a opinião dos bolcheviques.

Os discursos dos relatores, Lênin e Martínov, e de todos os outros oradores giraram nos limites destas duas posições.

O camarada Martínov “aprofundou” definitivamente o ponto de vista dos mencheviques negando categoricamente a admissibilidade da hegemonia do proletariado e defendendo não menos categoricamente a ideia de um bloco com os cadetes.

Os outros oradores — na sua imensa maioria — declararam-se de acordo com a posição bolchevique.

Particularmente interessantes foram os discursos da camarada Rosa Luxemburgo, que levou ao Congresso uma saudação em nome dos social-democratas alemães e expôs a opinião dos nossos camaradas alemães sobre as nossas divergências. (Unimos aqui os dois discursos de R. L., pronunciados em dias diversos). Declarando-se plenamente de acordo com os bolcheviques sobre a questão do papel do proletariado, como cabeça da revolução, e sobre a do papel da burguesia liberal, como força antirrevolucionária, etc., etc., R. Luxemburgo criticou os chefes do menchevismo, Plekhánov e Axelrod, chamando-os de oportunistas e equiparando a sua posição à dos partidários de Jaurès, na França. Eu sei, disse Rosa Luxemburgo, que também os bolcheviques possuem vários defeitos, estranhezas, são excessivamente rígidos, porém compreendo-os e justifico-os plenamente: não se pode deixar de ser rígido frente à massa amorfa, gelatinosa do oportunismo menchevique. A mesma rigidez excessiva notou-se nos guesdistas(11) na França, o chefe dos quais, o camarada Guesde, declarou num manifesto eleitoral: “Nem sequer um burguês ouse votar em mim, uma vez que eu sustentarei no parlamento unicamente os interesses do proletariado contra todos os burgueses”. E não obstante isso, não obstante essa aspereza, nós social-democratas alemães, sempre estivemos do lado dos partidários de Guesde em sua luta contra os traidores do marxismo, contra os adeptos de Jaurès. A mesma coisa é preciso dizer-se dos bolcheviques, que nós, social-democratas alemães, apoiaremos em sua luta contra os mencheviques oportunistas...

Isso aproximadamente disse a camarada R. Luxemburgo.

Ainda mais interessante é a célebre carta enviada ao Congresso pelo Comitê Central do Partido Social-Democrata alemão e lida pela camarada Rosa Luxemburgo. Interessante porque, aconselhando o Partido a lutar contra o liberalismo e reconhecendo o papel particular do proletariado russo, como cabeça da revolução russa, reconhece implicitamente todas as teses fundamentais do bolchevismo.

Tornou-se assim evidente que a social-democracia alemã, a mais experimentada e a mais revolucionária da Europa, apoia aberta e nitidamente os bolcheviques — considerando-os verdadeiros marxistas — em sua luta contra os traidores do marxismo, contra os mencheviques.

Foram igualmente interessantes alguns pontos do discurso do camarada Tyszko(12), representante da delegação polonesa na presidência. Ambas as frações, disse o camarada Tyszko, asseguram-nos que se atêm firmemente ao ponto de vista do marxismo. E não é fácil para todos compreender: quem pois, afinal, se atêm a esses ponto de vista, os bolcheviques ou os mencheviques? ... “Nós nos atemos ao ponto de vista do marxismo”, interrompem “da esquerda” alguns mencheviques. “Não, camaradas — responde-lhes Tyszko — vós não partis desse ponto de vista, porém repousais sobre ele, porque toda a vossa inépcia no trabalho de direção da luta de classe do proletariado, o fato de que sabeis decorar as grandes palavras do grande Marx, porém não sabeis aplicá-las, tudo isso nos diz que vós não partis do ponto de vista do marxismo, mas repousais sobre ele”.

Focalizado magistralmente!

De fato, considerai apenas o fato seguinte. Os mencheviques dizem frequentes vezes que constitui tarefa da social-democracia, sempre e onde quer que seja, transformar o proletariado numa força política independente. É justo isso? Indubitavelmente! São as grandes palavras de Marx, que todo marxista deve sempre recordar. Como as aplicam, porém, os camaradas mencheviques? Ajudarão talvez, de fato, o proletariado a destacar-se da massa dos elementos burgueses que o circundam para constituir-se em classe autônoma, independente? Agruparão talvez os elementos revolucionários em torno do proletariado e prepararão talvez este último para o papel de cabeça da revolução? Os fatos demonstram que os mencheviques não fazem nada de semelhante. Pelo contrário, aconselham o proletariado a concluir mais frequentemente acordos com a burguesia liberal e, desse modo, não ajudam o proletariado a destacar-se como classe autônoma, mas a confundir-se com a burguesia. Os mencheviques aconselham o proletariado a renunciar ao papel de cabeça da revolução, a deixar este papel à burguesia, a seguir a burguesia, e desse modo favorecem não a transformação do proletariado numa força política independente, mas a sua transformação em apêndice da burguesia... Os mencheviques, vale dizer, partindo de uma tese marxista justa, fazem exatamente o contrário daquilo que deveriam fazer.

Sim, tinha razão o camarada Tyszko quando disse que os mencheviques não partem do ponto de vista do marxismo, mas repousam sobre ele...

No final dos debates foram apresentados dois projetos de resolução: o menchevique e o bolchevique. Foi aprovado como base o projeto bolchevique por esmagadora maioria de votos.

Seguiram-se as emendas. Foram propostas cerca de oitenta, que se referiam sobretudo a dois pontos do projeto: ao primeiro ponto, o proletariado como cabeça da revolução; e ao outro ponto, os cadetes como força anti- revolucionária. Foi a parte mais interessante dos debates porque nestes revelou-se de maneira particularmente nítida a fisionomia das frações. A primeira emenda importante foi proposta pelo camarada Mártov. Queria ele substituir as palavras: “o proletariado, como cabeça da revolução”, pelas palavras: “o proletariado, como vanguarda”. Fundamentou ele esta sua proposta dizendo que a palavra “vanguarda” exprime com maior precisão a ideia. O camarada Alexinski objetou-lhe que não se tratava de precisão, mas de dois modos de ver opostos, expressos nesse ponto, uma vez que “vanguarda” e “cabeça” são dois conceitos completamente diversos. Ser a vanguarda (destacamento avançado) significa bater-se nas primeiras fileiras, ocupar os pontos mais expostos, derramar o próprio sangue, mas ao mesmo tempo ser dirigido por outros, no caso presente pela burguesia democrática: a vanguarda não dirige nunca a luta geral; é sempre dirigida. Pelo contrário, ser a cabeça significa não só bater-se nas primeiras filas, como também dirigir a luta geral, dirigi-la no sentido do seu próprio objetivo. Nós, bolcheviques, não queremos, que o proletariado seja dirigido por democratas burgueses; queremos que ele mesmo dirija a luta de todo o povo e a dirija no sentido da república democrática.

O resultado foi que a emenda de Mártov não passou.

Todas as outras emendas do mesmo tipo foram também rejeitadas.

O outro grupo de emendas visava modificar o ponto relativo aos cadetes. Os mencheviques propunham reconhecer que os cadetes não se haviam ainda posto a caminho da contrarrevolução. Mas o Congresso não aprovou essa proposta e todas as emendas desse tipo foram repelidas. Em seguida, os mencheviques propuseram que fosse admitido pelo menos em certos casos um acordo técnico com os cadetes. Nem mesmo essa proposta foi aprovada pelo Congresso, que rejeitou as emendas correspondentes.

Afinal, votou-se a resolução em seu conjunto e verificou-se que 159 haviam votado pela resolução bolchevique, 104 contra e os outros se haviam abstido.

O Congresso aprovou a resolução dos bolcheviques por esmagadora maioria de votos.

Desde esses momento o ponto de vista dos bolcheviques tornou-se o ponto de vista do Partido.

Ademais, essa votação deu dois resultados importantes.

Antes de mais nada, pôs fim à divisão formal, artificiosa do Congresso em cinco frações (bolcheviques, mencheviques, poloneses, letões, membros do Bund) e deu origem a uma nova divisão de princípio: bolcheviques (compreendidos todos os poloneses e a maioria dos letões) e mencheviques (compreendidos quase todos os membros do Bund).

Em segundo lugar, com essa votação se teve uma estatística mais precisa da distribuição dos delegados operários por fração: resultou que na fração bolchevique havia não 38, mas 77 operários (38 mais 27 poloneses e 12 letões) e na menchevique não 30, mas 39 operários (30 mais 9 membros do Bund). Verificou-se que a fração menchevique é uma fração de intelectuais.

IV - O congresso operário

Antes de passar à análise dos debates sobre a questão do congresso operário, é necessário conhecer a história da questão(1*).

O fato é que tal questão permaneceu extremamente confusa e nebulosa. Ao passo que para os outros pontos que suscitaram as nossas divergências no Partido já existem duas correntes definidas: a bolchevique e a menchevique, para a questão do congresso operário não temos duas, mas um amontoado de correntes, extremamente confusas e contraditórias. É verdade que os bolcheviques declaram em bloco e de maneira precisa serem contrários ao congresso operário. Mas entre os mencheviques reina, ao invés, o caos mais completo, a máxima confusão: dividiram-se em numerosos grupos e cada um desses grupos canta por conta própria, sem ouvir os outros. Ao passo que os mencheviques de Petersburgo, chefiados por Axelrod, propõem a convocação de um congresso operário para criar o Partido, os mencheviques de Moscou, com El na chefia, propõem convocá-lo não para favorecer a criação do Partido, mas com o fim de criar uma “união operária de toda a Rússia”, apartidista. Os mencheviques do sul vão ainda mais longe e, com Lárin(14) à testa, propõem a convocação do congresso operário não com o fim de criar o Partido e nem tampouco uma “união operária”, mas uma “união do trabalho” mais ampla, que possa abarcar, além de todos os elementos proletários, também os elementos social-revolucionários, semiburgueses, os elementos “que vivem do próprio trabalho”. Sem falar ainda dos outros grupos e de pessoas menos influentes, do gênero dos grupos de Odessa e dos do Transcáspio e dos “autores” de um folheto ridículo, os chamados “Vagabundo” e “Chura”(15).

Essa é a confusão que reina nas fileiras dos mencheviques.

Porém, como convocar o congresso operário, como organizá-lo, quem convidar ao congresso, a quem confiar o encargo da convocação, quem deve tomar a iniciativa disso?

Sobre todos esses problemas existe entre os mencheviques a mesma confusão que existe em torno do problema das finalidades do congresso.

Enquanto uns propõem que se faça coincidir as eleições para o congresso com as eleições para a Duma e que se organize “de surpresa” o congresso operário, outros propõem que se tenha confiança na “condescendência” do governo, ao qual em caso extremo se pode pedir a “autorização”, e outros ainda aconselham o envio de delegados ao estrangeiro, nem que sejam três ou quatro mil, e lá realizar ilegalmente o congresso operário.

Enquanto, entre os mencheviques, uns propõem que somente às organizações operárias realmente constituídas se permita que sejam representadas no congresso outros propõem que dele participem os representantes de todo o proletariado em geral, organizado e não organizado, que conta em suas fileiras não menos de 10 milhões de pessoas.

Enquanto, entre os mencheviques, uns sustentam que a iniciativa da convocação do congresso operário cabe ao Partido Social-Democrata, com a participação dos intelectuais, outros aconselham que se deixe de lado tanto o Partido como os intelectuais, e que a iniciativa caiba unicamente aos próprios operários, sem nenhuma participação dos intelectuais.

Enquanto, entre os mencheviques, alguns insistem em que o congresso operário seja convocado imediatamente, outros propõem que se lhe adie a convocação para data indeterminada, limitando-se por ora a promover uma agitação em favor da convocação do próprio congresso.

Porém, que fazer do Partido Operário Social-Democrata, que existe e que já faz muitos anos dirige a luta do proletariado, reúne em suas fileiras 150.000 aderentes e já realizou cinco congressos, etc., etc.? “Mandá-lo ao diabo”, ou o que, então?

A estas perguntas, todos os mencheviques, desde Axelrod até Lárin, respondem unanimemente que entre nós não existe um partido proletário. “O problema está todo aqui, entre nós não existe o Partido — diziam-nos os mencheviques no Congresso — entre nós existe somente uma organização de intelectuais pequeno-burgueses”, que é preciso substituir por um partido através do congresso operário. Isso declarou ao Congresso do Partido o relator dos mencheviques, o camarada Axelrod.

Mas, permiti-me que o indague, como é possível? Então, todos esses congressos do nosso Partido, do primeiro (1898) ao último (1907), em cuja organização os camaradas mencheviques tomaram parte com a maior energia; todo o dispêndio de dinheiro e de energias proletárias, dispêndio necessário para a organização de congressos pelos quais são responsáveis tanto os mencheviques como os bolcheviques, tudo isso então era somente ilusão e farisaísmo?!

Todos os apelos à luta que o Partido dirigiu ao proletariado, apelos assinados também pelos mencheviques; todas as greves e as insurreições de 1905-1906-1907, desencadeadas sob a direção do Partido e muitas vezes por iniciativa do Partido; todas as vitórias alcançadas pelo proletariado, guiado pelo nosso Partido; todos os milhares de vítimas proletárias, tombadas nas ruas de Petersburgo, Moscou, etc., deportadas para a Sibéria, arruinadas nas prisões em nome do Partido, sob a bandeira do Partido, tudo isso então não é senão comédia e ilusão?

Entre nós, então, não existe o Partido? Entre nós existe somente uma “ organização de intelectuais pequeno- burgueses”?

Tratava-se, naturalmente, de uma mentira aberta, de uma mentira revoltante, descarada.

Essas na verdade são provavelmente as considerações que podem explicar o ilimitado desdém suscitado entre os delegados operários de Petersburgo e de Moscou pelas supramencionadas declarações de Axelrod. Pondo-se imediatamente de pé, responderam com energia ao relator Axelrod: “Fala por ti, burguês, que andas pelo estrangeiro, e não por nós; somos operários, temos o nosso Partido Social-Democrata e não permitiremos que seja vilipendiado ...

Mas admitamos que se realize o congresso operário, imaginemos que isto já tenha ocorrido. O Partido Social- Democrata existente foi então arquivado, de um modo ou de outro o congresso operário foi convocado e nele desejamos organizar algo que esteja entre uma união “operária” e uma união “do trabalho”. E depois? Que programa adotará esses congresso? Qual será a sua fisionomia?

Entre os mencheviques alguns respondem que o congresso operário poderia adotar o programa da social- democracia, naturalmente com algumas omissões, mas apressam-se a acrescentar que poderia também não adotar o programa dos social-democratas, o que, segundo eles, não é para o proletariado um grande mal. Outros respondem de modo mais decidido: uma vez que o nosso proletariado está fortemente embebido de aspirações pequeno-burguesas, com toda a probabilidade o congresso operário não adotará o programa social-democrata, mas um programa democrático pequeno-burguês. No congresso operário o proletariado perderá o programa social-democrata, mas em compensação adquirirá uma organização operária, que unirá todos os operários. É o que diz, por exemplo, o líder dos mencheviques moscovitas, N. Tcherevánin (vide Problemas de tática).

Portanto: “organização dos operários sem o programa social-democrata”: tal seria provavelmente o resultado do congresso operário.

Assim, pelo menos, pensam os próprios mencheviques.

É evidente que estes últimos, em desacordo entre si sobre várias questões concernentes às finalidades do congresso operário e aos meios para convocá-lo, concordam em declarar que “entre nós não existe o Partido, mas somente uma organização de intelectuais pequeno-burgueses, própria para ser arquivada”...

O informe de Axelrod manteve-se exatamente nesse plano.

Do seu informe resultou que na prática a agitação para a convocação do congresso operário se reduziria inevitavelmente à agitação contra o Partido, à guerra contra este.

E o trabalho prático para a convocação do congresso reduzir-se-ia também, inevitavelmente, ao trabalho prático no sentido de desorganizar e desagregar o nosso Partido atual.

Entrementes, os mencheviques — pela boca do seu relator, como também no seu projeto de resolução — pediram ao congresso que proibisse a agitação contra as tentativas tendentes a organizar o congresso operário, contra as tentativas, vale dizer, que levam à desorganização do Partido.

E é interessante: nos discursos dos oradores mencheviques (exceto Plekhánov que, em verdade, do congresso operário nada disse) eram sempre repetidas as palavras de ordem: abaixo o Partido, abaixo a social- democracia, viva o apartidismo, viva o “congresso operário” não social-democrata. Essas palavras de ordem não eram lançadas abertamente pelos oradores, mas transpareciam dos seus discursos.

Não é gratuitamente que todos os escritores burgueses, desde os sindicalistas e social-revolucionários até aos cadetes e outubristas, não é gratuitamente que todos se declaram favoráveis ao congresso operário: não serão talvez todos eles inimigos do nosso Partido? E o trabalho prático para a convocação do congresso operário poderia debilitar e desorganizar acentuadamente o nosso Partido. Por que não deveriam então dispensar boa acolhida à “ideia do congresso operário”?

De maneira absolutamente diversa falaram os oradores bolcheviques.

O relator dos bolcheviques, o camarada Líndov, após haver com brevidade emitido um juízo sobre as correntes principais existentes entre os próprios mencheviques, passou a ilustrar as condições em que nascera a ideia do congresso operário. A agitação no sentido do congresso operário começou em 1905, antes das jornadas de outubro, no momento da repressão. Cessou durante as jornadas de outubro-novembro. Acentuou-se de novo nos meses seguintes, em que houve novas repressões. Por ocasião da primeira Duma, nos dias de relativa liberdade, a agitação cessou. Em seguida, após a dissolução da Duma, cresceu novamente, etc. A conclusão é evidente: nos dias de relativa liberdade, em que o Partido tem a possibilidade de desenvolver-se livremente, a agitação no sentido do congresso operário com o fim de criar um “amplo partido apartidista” perde naturalmente terreno; e, pelo contrário, nos dias dá repressão, quando ao invés do afluxo dos membros verifica-se um refluxo, a agitação em torno do congresso operário, medida artificiosa no sentido do desenvolvimento do Partido ou da substituição do partido restrito por um outro partido “amplo e apartidista”, encontra terreno favorável. Mas é óbvio que nenhuma medida artificiosa serviria, porque para um verdadeiro desenvolvimento do Partido é necessária a liberdade política e não o congresso operário, o qual necessita, ele próprio, de tal liberdade.

Há mais. A ideia do congresso operário, considerada em seu aspecto concreto, é radicalmente errônea, não se baseia nos fatos mas sobre um princípio errado: “nós não temos o Partido”. O fato é que nós possuímos um partido proletário que afirma em voz alta a própria existência e se faz sentir muito seriamente aos inimigos do proletariado — os próprios mencheviques sabem-no muito bem — e justamente porque já temos um partido assim, justamente por isso a ideia do congresso operário é radicalmente errônea. Naturalmente, se não tivéssemos um partido que conta mais de 150.000 proletários avançados e arrasta a seu reboque centenas de milhares de combatentes; se fôssemos um pequeno grupo de indivíduos com escassa influência, como os social-democratas alemães de 1860 a 1870 ou os socialistas franceses do período de 1870 a 1880, procuraríamos também nós a convocação de um congresso operário com o fim de dali extrair um partido social-democrata. Mas o fato é que nós já temos um partido verdadeiramente proletário, o qual goza de enorme influência junto às massas, e para convocar o congresso operário, para criar um fantástico “partido apartidista” deveríamos inevitavelmente, antes de mais nada “dar cabo” do partido existente, antes de mais nada destruí-lo.

Eis por que, na prática, o trabalho no sentido da convocação do congresso operário se reduziria inevitavelmente a um trabalho para a desorganização do Partido. E ainda está por se ver se se conseguiria, de um dia para o outro, criar, em seu lugar, um “amplo partido apartidista”, e se é preciso criar um partido assim.

Eis por que os inimigos do nosso Partido, os vários cadetes e outubristas, louvam com tanto zelo os mencheviques pela sua agitação em favor do congresso operário.

Eis por que os bolcheviques pensam que o trabalho 110 sentido da convocação do congresso operário é perigoso, nocivo: este desacredita o Partido aos olhos das massas e submete estas últimas à influência da democracia burguesa.

Eis, pouco mais ou menos, o que disse o camarada Líndov.

Pelo congresso operário contra o Partido Social- Democrata ou pelo Partido contra o congresso operário?

Assim se colocava a questão no congresso.

Os delegados operários bolcheviques compreenderam-no logo e intervieram energicamente “em defesa do Partido”. “Somos patriotas do Partido — diziam estes — amamos nosso Partido e não permitiremos aos intelectuais desfibrados que o desacreditem”.

É interessante o fato de que a representante da social-democracia alemã, a camarada Rosa Luxemburgo, esteve de pleno acordo com os bolcheviques. “Nós, social- democratas alemães — disse ela — não conseguimos entender a ridícula desorientação dos camaradas mencheviques, os quais sempre tateantes procuram as massas, enquanto as próprias massas buscam o Partido e a ele se apegam irresistivelmente”...

Dos debates resultou que a esmagadora maioria dos oradores apoiava os bolcheviques.

No final da discussão foram postos em votação dois projetos de resolução, respectivamente dos bolcheviques e dos mencheviques. Foi aprovado, como base, o projeto dos bolcheviques. Quase todas as emendas que tinham um caráter de princípio foram rejeitadas. Delas só foi aprovada uma, mais ou menos séria, a que era contra a limitação da liberdade de se discutir a questão do congresso operário. A resolução, em suma, afirmava que a “ideia do congresso operário leva à desorganização do Partido”, “coloca amplas massas operárias sob a influência da democracia burguesa”, e por isso é prejudicial ao proletariado. A resolução, além disso, estabelecia nítida distinção entre o congresso operário e os soviets de deputados operários e seus congressos, que não só não desorganizam o Partido, não só não lhe fazem concorrência, mas, pelo contrário, reforçam-no, seguindo atrás dele e ajudando-o a resolver as questões práticas nos momentos de ascenso revolucionário.

Enfim, a resolução foi aprovada em seu conjunto por uma maioria de 165 votos contra 94. Os demais abstiveram-se.

O congresso repeliu também a ideia do congresso operário porque era contrária aos interesses do Partido.

A votação revelou um fato importante: resultou que dos 114 delegados operários que dele tinham participado, somente 25 haviam votado pelo congresso operário. Os demais tinham votado contra. Vale dizer: 22 por cento dos delegados operários tinham votado a favor do congresso operário e 78 por cento contra. E, o que mais é, dos 94 delegados que haviam votado a favor do congresso operário, somente 26 por cento eram operários e 74 por cento intelectuais.

Contudo, os mencheviques não tinham cessado de gritar aos quatro ventos que a ideia do congresso operário era uma ideia operária, que somente os bolcheviques “intelectuais” opunham-se à convocação do congresso. A julgar por essa votação, dever-se-ia antes reconhecer que a ideia do congresso operário é uma fantasmagoria de intelectuais ...

Até mesmo operários mencheviques, pelo que se verifica, não votaram a favor do congresso operário: dentre 39 delegados operários (30 mencheviques mais 9 membros do Bund), somente 24 votaram a favor do congresso operário.

Baku, 1907.
Assinado: Koba Ivánovitch


Notas de rodapé:

(1*) Isso é tanto mais necessário quanto os companheiros mencheviques, que passaram pelas redações de jornais burgueses, difundem fábulas sobre o passado e o presente de tal questão (vide artigo sobre o “Congresso operário” no “Továrichtch”, devido à pena de um conhecido menchevique e republicado no “Bakinski Dién”(13). (retornar ao texto)

Notas de fim de tomo:

(1) O artigo O Congresso de Londres do P.O.S.D.R. (Apontamentos de um delegado) não está completo. As perseguições da polícia, que se haviam intensificado na segunda metade de 1907, e depois a prisão, impediram Stálin de ultimá-lo. (retornar ao texto)

(2) A. Verguejski, pseudônimo literário de A. V. Tirkova, colaboradora do jornal cadete Riétch. E. D. Kúskova, um dos autores do Credo, programa dos “economistas”. Em 1906 e em 1907 colaborou em revistas e em jornais filocadetes-filomencheviques. (retornar ao texto)

(3) J. A. Alexinski, deputado à segunda Duma de Estado, pertencia à fração bolchevique da fração parlamentar social- democrática. Após o Congresso de Londres apoiou o boicote da terceira Duma. Afastou-se em seguida do partido bolchevique e após a Revolução de Outubro emigrou para o estrangeiro. (retornar ao texto)

(4) O ponto sobre o Congresso socialista internacional de Stuttgart (VII Congresso da II Internacional, 18-23 de agosto de 1907), fora primeiramente incluído na ordem do dia do Congresso de Londres, mas em seguida decidiu-se não pô-lo em discussão. Os bolcheviques foram representados no Congresso de Stuttgart por Lênin, Lunatcharski, Litvínov e outros. (retornar ao texto)

(5) Riadovói, pseudônimo de A. A. Malinovski, mais conhecido como Bogdánov (um outro seu pseudônimo era Maxímov). Em 1903 aderiu aos bolcheviques. Dois anos após o Congresso de Londres saiu do partido bolchevique (vide nota 6)(6). Morreu em 1928.(retornar ao texto)

(6) O corpo de redação ampliado do Proletari era de fato o centro bolchevique, eleito pelos bolcheviques no V Congresso (de Londres). A reunião a que Stálin alude, ocorreu a 8-17 (21-30) de junho de 1909 em Paris e era presidida por Lênin. A conferência condenou o otzovismo e o ultimatismo, definindo-os como “um liquidacionismo às avessas” e definiu a escola “de partido” organizada em Capri pelos otzovistas (que no final da resolução do Comitê de Baku é chamada “escola de N.N.”) como “o centro de uma fração que se havia separado dos bolcheviques”. A. Bogdánov recusou-se a submeter-se às decisões do corpo de redação ampliado do Proletari e foi expulso do organismo bolchevique. (retornar ao texto)

(7) Sobre a cisão do organismo de Petersburgo vide o artigo A luta eleitoral em Petersburgo e os mencheviques. (retornar ao texto)

(8) O projeto da moção sobre a questão agrária Em nome da Duma foi elaborado pelos cadetes e publicado a 5 de julho de 1906, em resposta ao comunicado governamental concernente à propriedade territorial camponesa. Os cadetes queriam con­vencer os camponeses a esperar que a Duma elaborasse a lei agrária. O C.C. do P.O.S.D.R., dirigido pelos mencheviques, ordenou à fração parlamentar social-democrata que votasse no projeto dos cadetes. A fração votou contra. (retornar ao texto)

(9) Partido nacionalista contrarrevolucionário da burguesia polonesa, fundado em 1897. No período da revolução de 1905-1907 tornou-se o principal partido da contrarrevolução polonesa, o partido das centúrias negras polonesas. (retornar ao texto)

(10) Trata-se dos deputados mencheviques à segunda Duma, A. L. Japaridze e I. J. Tsereteli (vide Atas do V Con­gresso do P.O.S.D.R., Moscou, 1935, páginas 250 e 534-535). (retornar ao texto)

(11) Sequazes de Jules Guesde, que constituíam a corrente marxista no Partido Socialista francês. Em 1901, os guesdistas constituíram o Partido Socialista da França e lutaram contra os oportunistas no movimento operário francês, contra a política de colaboração com a burguesia e contra a participação dos so­cialistas nos ministérios burgueses. No início da guerra impe­rialista mundial, Guesde assumiu uma posição “defensista” e entrou para o governo burguês. Uma parte dos guesdistas fiéis ao marxismo revolucionário entrou mais tarde para o Partido Comunista. (retornar ao texto)

(12) Tyszko (pseudônimo de Leo Jogisches, 1867-1919), fundador do Partido Social-Democrata polonês. Lutou ao lado de Rosa Luxemburgo contra o centro kautskista, Foi assassinado em março de 1919 pelos sicários do governo após o malogro dos movimentos espartaquistas. (retornar ao texto)

(13) Trata-se do artigo de Iúri Pereiaslavski (J. Khrustaliov), publicado no Bakinski Dién (O dia de Baku), diário libe­ral que se publicou de junho de 1907 a janeiro de 1908. (retornar ao texto)

(14) I. Lárin, L. A. Rin (M. A. Lúrie), menchevique liquidacionista. Em 1917, entrou para o Partido Bolchevique. El (C. I. Lúzin), menchevique liquidacionista. (retornar ao texto)

(15) Trata-se do folheto O Congresso operário de toda a Rússia e os “bolcheviques”, publicado em georgiano, em Tiflís, no ano de 1907. “O vagabundo” era o menchevique Gueórgui Eradze; “Chura”, sua mulher, a menchevique Pichkina. (retornar ao texto)

Transcrição
pcr
Inclusão 19/10/2019