Terror: Imaginário e Verdadeiro

Francisco Martins Rodrigues

Maio/Junho de 2007


Primeira Edição: Política Operária nº 110, Maio-Junho 2007

Fonte: Francisco Martins Rodrigues — Escritos de uma vida

Transcrição: Ana Barradas

HTML: Fernando Araújo.

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O SIS alerta que Portugal está a servir de “porta de entrada” para “radicais islâmicos” a caminho da Europa. Entre as actividades destes grupos registadas pelo SIS destacam-se a “distribuição de panfletos escritos em árabe ou a convocação de manifestações anti-americanas. E aqui está como as manifestações contra a guerra imperialista passam à categoria de “actividade terrorista”.

Rui Pereira sucede a António Costa na chefia do Ministério da Administração Interna. Foi boa a escolha de Sócrates: quem melhor do que o ex-chefe do SIS para pôr a máquina da bufaria em acção?

Caricata mas politicamente correcta é a petição daqueles cidadãos que se opõem à trasladação para o Panteão dos restos mortais de Aquilino Ribeiro, porque o escritor teria estado envolvido no atentado em que foi morto o rei D. Carlos, pelo que terá sido, incontestavelmente, um “terrorista”.

Se o espírito cívico dos ditos cidadãos for imitado, em breve veremos campanhas para que sejam punidos todos aqueles que, durante o regime fascista, praticaram “actos terroristas” contra a guerra do Ultramar, os pides e as instituições salazaristas.

E esta, hein? Sabe que houve em Portugal no ano passado um ataque terrorista? É pelo menos o que informa a Europol, no seu EU Terrorism Situation and Trend Report. Vem na revista Focus de 16 de Maio, com um mapa e tudo. O leitor não deu por nada? Então é porque está pouco vigilante contra a ameaça terrorista que quer destruir a nossa civilização.

Agora um pouco de terrorismo a sério — É o terrorismo das tropas portuguesas, que entraram em combate no Afeganistão, às ordens da NATO e estão a massacrar o povo em luta contra a ocupação estrangeira. Quando o governo garantiu que iam só em “missão humanitária”, já dava para perceber a mentira. No Afeganistão, sob a bandeira da repressão dos talibãs, está em curso uma clássica guerra colonial. No Líbano, os “nossos rapazes” ajudam a meter na ordem os palestinianos.

Assim, pela primeira vez, desde o 25 de Abril, o exército português retoma a desonrosa tradição de cão de guarda do imperialismo. Apoiado pelo PSD e CDS, o governo reafirma a decisão de prosseguir. Não haverá meios de o travar?


Observação: Tiro ao Alvo - Coluna de FMR no jornal Em Marcha e no jornal Política Operária.

Inclusão 06/02/2019