Urgente Intervir

Francisco Martins Rodrigues

Novembro/Dezembro de 2004


Primeira Edição: Política Operária, nº 97, Nov-Dez 2004

Fonte: Francisco Martins Rodrigues Escritos de uma vida

Transcrição: Ana Barradas

HTML: Fernando Araújo.

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Embrulhada nas suas próprias crises, a equipa de saltimbancos de Santana Lopes chegou a um ponto em que já não podia permanecer decentemente à frente do governo. As manigâncias e intrigas de bastidores, o orçamento da banha de cobra, a demagogia reles, estavam a fazer da vida política uma feira da ladra. O PR acabou por ser obrigado a convocar eleições antecipadas. Santana, duce de pacotilha,foi vítima da sua incompetência para liderar a direita.

A satisfação geral pelo despedimento da trempe Santana-Portas-Bagão não pode ocultar porém este facto: as iniciativas para deitar abaixo o governo vieram, não da esquerda mas da direita - dos meios do alto negócio, do PSD, de Cavaco, todos eles alarmados com as consequências económicas e sociais do circo “santanista”.

Para o PS, claro, esta foi a solução ideal: resguardou- se, fez figura de ‘força responsável” e agora espera serenamente que o poder lhe vá ter às mãos. Mas para a massa dos trabalhadores, esta saída não garante nada.

Como o governo caí por iniciativa presidencial e não pela força das manifestações, das greves, do protesto popular, receberemos do novo governo decerto muitas promessas “democráticas” e “solidárias”, mas não mais do que isso. Porque a impunidade do patronato, a corrida às privatizações, o ataque aos direitos dos trabalhadores, o desmantelamento dos serviços públicos, a cumplicidade na criminosa aventura iraquiana - não foram inventados por Santana; fazem parte da política geral da burguesia, às ordens de Bruxelas. E é essa política que é preciso atacar. Sem esperar pelas eleições.


Inclusão 18/08/2019