A Crise e a Contra-Revolução(1)
[1º de 4 artigos]

Karl Marx

12 de Setembro de 1848


Primeira Edição: Neue Rheinische Zeitung. Organ der Demokratie (Nova Gazeta Renana. Órgão da Democracia), nº 100
Fonte: PUC SP Revista Margem
Tradução: Artigo recolhido e traduzido por Lívia Contrim (e-mail: lcotrim @ aol . com). Leia o artigo da tradutora: A contra-revolução na Alemanha. Marx e a Nova Gazeta Renana
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Fernando A. S. Araújo.
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Quem ler nosso correspondente de Berlim poderá dizer se não previmos com exatidão o desenrolar da crise ministerial. Os velhos ministros renunciam; o plano do ministério, de se manter por meio da dissolução da Assembléia Ententista, por meio de leis marciais e canhões, parece não ter alcançado o aplauso da camarilha. Os junkers ardem de desejo por um conflito com o povo, pela repetição das cenas do junho parisiense nas ruas de Berlim; mas eles não vão se bater pelo ministério Hansemann, e sim pelo ministério do príncipe da Prússia. Radowitz,(2) Vincke e outros semelhantes indivíduos dignos de confiança serão convocados; a nata da cavalaria prussiana e westfaliana, ao que tudo indica associada com alguns honestos burgueses da extrema direita, com um Beckerathe e consortes, a quem se pode confiar as prosaicas operações comerciais do Estado — eis o ministério do príncipe da Prússia, com que tencionam nos presentear. Enquanto isso lançam centenas de boatos, talvez mandem chamar Waldeck(3) ou Rodbertus,(4) desorientam a opinião pública, e nesse meio tempo fazem seus preparativos militares e, quando for a hora, aparecerão publicamente.

Caminhamos para uma luta decisiva. As crises simultâneas em Frankfurt e Berlim, as últimas resoluções das duas assembléias, obrigam a contra- revolução a travar sua última batalha. Se em Berlim ousarem esmagar sob os pés o princípio constitucional da maioria, se puserem diante dos 219 votos da maioria o dobro de canhões, se ousarem, não somente em Berlim, mas também em Frankfurt, desmentir a maioria por um ministério, o que diante das duas assembléias é impossível se provocarem, pois, a guerra civil entre a Prússia e a Alemanha, os democratas sabem o que têm de fazer.

Leia o segundo artigo da série


Notas de rodapé:

(1) O segundo, terceiro e quarto artigos dessa série traziam, na Nova Gazeta Renana, o título "A Crise". (retornar ao texto)

(2) Radowitz, Joseph Maria Von (1797-1853): general e político prussiano, representante da camarilha reacionária da corte; em 1848 foi um dos líderes da direita na Assembléia Nacional de Frankfurt. (retornar ao texto)

(3) Waldeck, Benedikt Franz Leo (1802-1870): conselheiro do Supremo Tribunal em Berlim, democrata; em 1848 foi um dos líderes da esquerda e vice-presidente da Assembléia Nacional prussiana; mais tarde, progressista. (retornar ao texto)

(4) Rodbertus-Jagetzow, Johann Karl (1805-1875): latifundiário prussiano, economista político, ideólogo dos junkers aburguesados; em 1848 foi líder da centro-esquerda na Assembléia Nacional prussiana, ministro da Educação no gabinete Auerswald; posteriormente, teórico do "socialismo de estado" junker-prussiano. (retornar ao texto)

Inclusão 12/09/2014