O Socialimo e a Educação dos Filhos

A. S. Makarenko


Sétima Conferência — A Educação dos Hábitos Culturais


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Enganam-se tremendamente os pais que julgam que a escola e a sociedade são os únicos responsáveis pela verdadeira educação cultural e que a família nada pode fazer nesse sentido. Deparamo-nos, por vezes, com famílias que dedicam grande atenção à alimentação da criança, a suas roupas e folguedos e estão convencidas, ao mesmo tempo, de que a criança não deve fazer outra coisa senão brincar e armazenar força e saúde para o período escolar, era que terá bastante tempo para entrar em contacto com a cultura.

Na verdade, a família deve não somente começar o mais cedo possível a educação cultural, como também utilizar do melhor modo possível os grandes meios de que dispõe para fazê-lo.

É fácil cultivar a criança no próprio seio da família; mas que os pais não pensem que somente a criança deve beneficiar-se desta cultura, que se trata apenas de uma obrigação pedagógica.

Numa família em que os próprios pais não leem livros nem jornais, não vão ao teatro e ao cinema, não se interessam pelas exposições e museus, é evidentemente dificílimo dar à criança a cultura necessária. Nesses casos, por maiores que sejam os esforços dos pais, estes serão artificiais e falsos e a criança o sentirá e pensará que tudo isso não possui a importância que lhe queriam fazer crer.

Numa família em que, ao contrário, os pais levam uma vida cultural ativa, em que o jornal e o livro fazem parte integrante da vida cotidiana, em que todos se interessam pelas questões de teatro e cinema, se processará a educação cultural sem que os pais pareçam mesmo notar. Mas, não se pode deduzir daí que a educação dos hábitos culturais se possa dar espontaneamente e que este é o melhor método. O espontaneísmo pode fazer muito mal neste como em todos os outros assuntos, baixar o nível da educação, permitir que muitos erros e pontos obscuros subsistam. É justamente o espontaneísmo que se encontra na base de situações em que os pais começam a erguer os braços ao céu, perguntando: «Mas, de onde vem isto? Onde meu filho e minha filha aprenderam tais ideias? Tais hábitos?»

Somente é útil a educação cultural organizada conscientemente, segundo um plano determinado, um método correto de controle. A educação cultural da criança deve começar muito cedo, quando ela ainda está longe de saber ler, quando apenas começa a ver e ouvir com clareza e a balbuciar algumas palavras.

Uma história bem contada pode ser o início da educação cultural. Seria aconselhável que se tivesse um livro de histórias na estante de cada família!

Nos últimos tempos têm surgido muitos livros infantis. É preciso encurtar as histórias para que as crianças as compreendam, modificar o estilo, tornar a narração inteiramente compreensível. Os pais talvez se lembrem das histórias que ouviram quando crianças.

A escolha das histórias tem grande importância. É preciso rejeitar as que falam em espíritos maus, diabos, da fada Carabossa, de demônios das florestas e das águas, das ondinas. Estas podem ser contadas às crianças mais velhas, mais armadas contra as sombrias histórias de antanho. Assim armadas, elas podem apreciar o lado artístico do conto, escondido sob a aparência de monstros de intenções hostis e malévolas para o homem. As crianças mais novas podem aceitar essas fantasmagorias como coisas reais, voltando sua imaginação para um misticismo sombrio e apavorante.

As melhores histórias para crianças serão sempre as histórias de animais. O folclore russo está cheio dessas belas histórias. Da mesma forma, os outros povos da URSS têm um rico repertório desses contos. Mais tarde, quando as crianças crescerem, passar-se-á aos contos sobre as relações humanas. Há muitas histórias interessantes sobre Ivãzinho, o Inocente, mas é necessário escolher as que a tolice humana não está colocada em primeiro plano e em que Ivãzinho é tratado de inocente ironicamente. A esta série podem-se acrescentar o belo conto de Erchov: Koniok Gorbounok (O Cavalinho Corcunda). Um gênero mais sério já vem ilustrar a luta entre ricos e pobres, em que já se reflete a luta de classes. Recomendamos aos pais prudência na escolha dessas histórias, afastar as histórias sinistras, histórias que narram a morte de pessoas honestas e de crianças. De um modo geral, é preferível escolher as que despertem a energia, a confiança em suas forças, a visão otimista da vida, a esperança na vitória. A simpatia pelos oprimidos não deve ser acompanhada de um sentimento de fatalidade ou de profundo desespero. As imagens dolorosas que representam os pesadelos da opressão e da exploração só podem ser mostradas às crianças muito mais velhas.

As gravuras também têm enorme importância para desenvolver a imaginação infantil e dar ideias amplas a respeito da vida. Para isso não é preciso escolher revistas infantis, podendo utilizar-se qualquer reprodução, de quadros, ilustrações e fotografias, mas de bom conteúdo. Examinando as gravuras, a criança faz, geralmente, muitas perguntas, interessa-se pelos detalhes, relações e causas. Mas sempre é indispensável responder-lhe de modo acessível à sua compreensão. Se faz uma pergunta à qual não podemos responder, basta dizer-lhe simplesmente; «Não o compreenderás agora, sabê-lo-a quando cresceres.» Respostas desse tipo não podem fazer nenhum mal; habituam a criança a medir suas forças ao fazer as perguntas e lhe prometem um futuro mais sério e mais interessante! Encontraremos gravuras interessantes para mostrar-lhe em qualquer revista e em jornais como Smena, Ogoniok.

Somente em casos excepcionais, e quando existem programas destinados especialmente a crianças se deve permitir às criancinhas irem ao cinema ou ao teatro. Mas, de um modo geral, é melhor abster-se do teatro e do cinema, pois são ainda poucas as peças bem adaptadas. Por exemplo, a peça simbólica de Maeterlinck, O Pássaro Azul, não é nada boa para as crianças-. Evidentemente os pais consideram que, sendo O Pássaro Azul uma história de fadas, é preciso levar as crianças para assisti-la! Na realidade, é uma peça completamente incompreensível para as crianças e, por vezes, até para os mais velhos. Esta peça é animada por um simbolismo complicado e forçado, as coisas e os animais possuem características complexas e contêm muitas imagens rebuscadas e irreais («terrores»).

A época da aprendizagem da leitura marca uma nítida transição no trabalho cultural da família. Essa transição se efetua habitualmente numa atmosfera de coletividade infantil, na escola. Esse momento tem grande importância na vida da criança. Ela penetra no domínio do livro e da palavra impressa, algumas vezes puxada pelas orelhas, deparando-se com dificuldades técnicas representadas pela letra ou pelo próprio processo da leitura. Não se deve forçar a criança nesse primeiro trabalho de aquisição da leitura, mas também não se deve estimular a preguiça que se manifesta na primeira batalha contra as dificuldades.

É preciso adquirir livros bem acessíveis, impressos em letras grandes, com muitas ilustrações. Se a criança ainda não pode ler, eles suscitam nela o interesse pela leitura e o desejo de vencer as dificuldades.

Aprender a ler marca a segunda etapa da infância, a etapa dedicada ao estudo e à aquisição de conhecimentos. Nesse período a escola toma um lugar da maior importância na vida da criança; o que não quer dizer absolutamente que os pais possam esquecer suas responsabilidades e transferi-las completamente à escola. É precisamente o interesse dos pais pela educação cultural das crianças e o tom cultural geral da família que têm a maior significação para o trabalho escolar da criança, para a qualidade e o vigor da aprendizagem, para o estabelecimento de corretas relações com os professores, os colegas e o conjunto da organização escolar. É justamente neste período que adquirem maior sentido os livros, os jornais, o teatro, o cinema, os museus, as exposições e as outras formas de educação cultural. Examinemos cada um desses setores.

Os jornais

O jornal já deve ocupar um lugar importante nas impressões da criança, mesmo quando esta ainda não sabe ler, só pode escutar a sua leitura. A família deve assinar um jornal. A leitura do jornal não deve ser realizada sem a participação da criança; os pais não devem lê-lo cada um para si. Em todo jornal existem matérias para leitura em voz alta e assuntos que se prestam à conversação, senão propriamente com a criança, pelo menos em sua presença. É mesmo preferível falar do que lestes, diante da criança, com ar de não notar sua presença; ela vos escutará da mesmo forma e com tanto maior atenção, quanto mais naturais parecerdes. Em cada jornal encontrareis elementos deste tipo: acontecimentos internacionais, manifestações de trabalhadores sobre comemorações, episódios ocorridos nas fronteiras, realizações stakhanovistas, ações heroicas e corajosas de alguns indivíduos, edificação e embelezamento de nossas cidades, novas fábricas.

O jornal deve adquirir cada vez maior importância à medida que a criança se desenvolve e a partir do momento em que aprendeu a ler. É melhor, evidentemente, fazer uma assinatura de um jornal de pioneiros para a criança, mas se isto for impossível por esta ou aquela razão, o mal não é muito grande: os jornais soviéticos se expressam numa linguagem acessível a todos os indivíduos que saibam ler e neles sempre se encontrará um elemento indispensável de sua vida. Mas é forçoso que haja uma discussão na família sobre o que se leu ou pelo menos uma conversa a respeito. Esta discussão não deverá jamais se tornar uma formalidade, realizada em hora certa, nem levar muito tempo. Os pais não devem tomar um ar pedante durante ela; a discussão do que foi lido deve ser feita em tom de conversa livre, e sempre é melhor que ela nasça ao acaso, de qualquer assunto relativo à vida doméstica, ou de um assunto levantado por qualquer um. Se não encontrardes um bom pretexto desse tipo, perguntai simplesmente; «O que traz de interessante, hoje, o jornal?»

Mais tarde o jornal deve se tomar uma manifestação habitual e necessária da vida cultural soviética, ser objeto de um interesse ativo e vivo, desse interesse constante e ardente que o menino e a menina dedicam à pátria.

Os livros

As crianças também travam conhecimento com os livros através da leitura em voz alta. E, consequentemente, mesmo quando a criança já sabe ler, a leitura coletiva deve continuar como uma das grandes ocupações da família. É bom que a leitura coletiva seja habitual e que marque uma hora agradável na vida de trabalho. A princípio a leitura será feita pelos pais, mas, depois, deve competir às crianças. É muito útil que essa leitura, desde o início e também mais tarde, não seja feita especialmente para as crianças, mas no círculo familiar, contando com reações e troca de ideias coletivas. Somente através dessas leituras em comum pode-se orientar os gostos das crianças e desenvolver seu senso crítico era relação a elas.

Além da leitura em voz alta, é indispensável desenvolver progressivamente na criança o gosto pela leitura individual. A escola orienta a leitura independente da criança, principalmente quando já é mais velha, mas os pais também podem desempenhar um papel muito útil não se mostrando indiferentes a esta leitura. Sua atenção deve-se expressar do seguinte modo:

  1. Controle da escolha da literatura (pois se constata que ainda agora as crianças têm em suas mãos livros que não se sabe de onde vieram!).
  2. Os pais devem saber como leem as crianças; é preciso evitar principalmente que a criança devore página após página sem refletir sobre elas, seguindo passivamente o desenvolvimento do enredo.
  3. É imprescindível habituar a criança a zelar por seus livros.

Inúmeros pais são muito tímidos com os livros, pensam que isto exige estudos especiais, que é necessário ser um alfarrabista especializado. Não é verdade. Como o demonstrou uma enquete sobre leitura, o nosso pessoal sabe escolher admiravelmente os livros, e tão bem quanto as críticas literárias. Em todo caso, os mestres e o bibliotecário podem e devem sempre aconselhar sobre a escolha dos livros.

O cinema

Em nossa época o cinema é o mais importante fator educativo, não só para as crianças como também para os adultos. Na União Soviética todos os filmes são produzidos em empresas do Estado e mesmo em caso de flagrante fracasso artístico, não podem fazer nenhum mal às crianças. Na sua maioria servem de excelente meio educativo, de alto valor artístico.

lsto não quer dizer, no entanto, que se possa deixar que as crianças frequentem assiduamente o cinema e sem qualquer controle.

Os pais devem observar, em primeiro lugar, como reage a criança no cinema. Constata-se, frequentemente, que o cinema se torna o principal conteúdo de sua vida, levando-a a esquecer todos os outros deveres e seu trabalho escolar, fazendo com que gaste todo o seu dinheiro e mesmo que tome emprestado dos pais.

Pode-se também constatar comumente nesses casos outros aspectos pouco simpáticos desta atração. A criança habitua-se aos prazeres passivos, que não vão, em geral, além de uma impressão visual desprovida de qualquer elemento de vontade. Limita-se a olhar, e as impressões artísticas são superficiais, não atingem sua personalidade, não lhe despertam pensamentos nem lhe colocam problemas. Desta forma, a utilidade da frequência ao cinema é mínima e, por vezes, transforma-se num grande mal.

Por isso, recomendamos aos pais darem atenção ao cinema e orientarem sempre o filho a respeito.

Aconselhamos aos pais não permitirem que a criança vá ao cinema mais de duas vezes ao mês. Até os 14, 15 anos, é conveniente que a criança só vá ao cinema na companhia dos pais ou dos irmãos mais velhos. Isto é necessário não só para controlar seu comportamento, mas pelas mesmas razões que nos fazem recomendar a leitura em comum. Cada filme deve ser o objeto de discussões que durem pelo menos alguns minutos e de interpretações feitas em família. Os pais devem fazer com que o filho expresse sua opinião, conte o que mais lhe agradou ou desagradou, o que o impressionou. Se os pais veem que a criança só se apaixona pelos acontecimentos exteriores, como o enredo, a história das aventuras de tal ou qual herói, devem levá-la, por uma questão ou outra, aos aspectos mais importantes e profundos do filme. Por vezes, é inútil fazer perguntas, bastam simplesmente alguns comentários diante da criança. Numa certa medida, os pais devem escolher os filmes que convêm à criança. Sempre se tem a possibilidade de encontrar alguém que já viu o filme e possa dar uma opinião sobre ele. É preciso evitar certos filmes por tratarem de temas muito difíceis, uma vez que a criança não compreenderá, ou outros que tratam de assuntos que possam provocar falsas reações, filmes outros que colocam muito cedo para a criança histórias que tratam de amor ou de medicina. Naturalmente, é preciso fazer a escolha levando-se em conta o estado da criança, seu trabalho escolar e seu comportamento. Em certos casos, muito raros, pode-se proibir uma ida ao cinema, se a criança se comportou mal ou se não fez seus deveres escolares. Mas acontece, com frequência que um bom filme ajuda a criança a criar melhores hábitos na escola ou no seu trabalho. Os filmes científicos são particularmente úteis nesse domínio.

O teatro

O que dissemos sobre o cinema é válido para o teatro. Mas a teatro coloca mais frequentemente temas acima das forças intelectuais e da sensibilidade da criança. Espetáculos como Otelo ou Ana Karenina são absolutamente contraindicados para a adolescência. É preciso também ser cauteloso no que se refere à frequência dos balés. Em nossa sociedade se proíbe a entrada nos teatros noturnos às crianças muito novas.

A questão da escolha das peças não apresenta qualquer dificuldade, uma vez que muitas cidades possuem teatros especiais para crianças, com repertórios próprios a elas. A frequência ao teatro é muito conveniente. Uma peça de teatro exige da parte da criança uma atenção mais séria, prolongada e contínua. Nesse sentido as relações com o teatro são muito mais complexas do que com o cinema. O próprio fato de apresentar um espetáculo com intervalos atrai muito mais a atenção do espectador pela variedade dos temas e o leva a uma análise mais ativa. A ida ao teatro exige toda uma noite e é um acontecimento na vida da criança. Os pais devem aproveitar esta circunstância. A peça de teatro, ainda mais que o filme, deve ser acompanhada de discussões e trocas de ideias na família.

Museus e exposições

Quase todas as nossas cidades têm seu museu ou sua galeria de quadros. Há muitos museus em algumas cidades, mas os pais os utilizam pouco. E, no entanto, o museu, a exposição, a galeria de arte nos oferecem importantes meios pedagógicos. Estas visitas exigem da criança uma atenção contínua, ininterrupta, organizam seu trabalho intelectual e despertam-lhe sentimentos elevados e profundos. Ir ao museu não deve ser uma simples ocasião para uma rápida vista, como dissemos a respeito do cinema. Por isso, não se deve ir apenas uma vez a um grande museu. É preciso dedicar muitos dias à galeria Trétiakov. É necessário também visitar duas ou três vezes os museus da Revolução.

Outras formas de educação cultural

Tocamos até aqui apenas nas principais formas de educação cultural, sobretudo nas que são organizadas por nosso Governo soviético. Os pais nada têm a inventar nesses domínios, bastando utilizar do melhor modo as riquezas culturais de nosso país.

Se os pais utilizam bem o jornal, a livro, o cinema, o teatro e os museus, muito terão dado a seus filhos nesse domínio dos conhecimentos e da educação do caráter.

Mas eles podem acrescentar ainda muitas coisas. São mais variadas do que parecem, à primeira vista, as formas de educação cultural que a família tem em suas mãos.

Tomemos, por exemplo, um simples dia de passeio no inverno ou no verão. Um passeio pelos arredores da cidade, com temas tão magníficos como a reconstrução das cidades, das casas, o traçado das estradas, a edificação das fábricas, ótimos assuntos para se encher um dia de repouso! Inútil se torna, evidentemente, transformá-los em conferências e exposições! O passeio deve ser um passeio, antes de tudo um descanso; não deveis forçar a atenção da criança e obrigá-la a ouvir vossos ensinamentos. Mas nesses passeios a atenção da criança se fixa espontaneamente no que vê e algumas palavras, mesmo jocosas, uma narrativa qualquer, estabelecendo um paralelo com o passado, mesmo uma história cômica, fixam sua atenção e produzem, sem que se aperceba, um grande efeito.

A família deve estimular por todos os meios o interesse pelo esporte. Mas é preciso velar para que esse interesse não transforme a criança num apaixonado pelo esporte. Se vosso filha se precipita com paixão para todas as partidas de futebol, conhece o nome de todos os campeões e as marcas de todos os recordes atingidos, mas não faz parte, ele próprio, de nenhum clube esportivo, não patina, não pratica o esqui, não sabe o que é um volibol, seu interesse pelo esporte não tem qualquer utilidade e pode ser até prejudicial. O interesse pelo xadrez também não tem sentido se vosso filho não joga xadrez. Toda família deve procurar ter filhos esportivos. Evidentemente, seria melhor ainda que os próprios pais o fossem. Não se pode ter tais pretensões relativamente a uma determinada geração, mas os jovens pais têm toda facilidade de se integrar num setor ou noutro do esperte, e assim será melhor traçado para os filhos o caminho esportivo. É o momento de lembrar que nossos pais de família pagam um certo tributo aos esportes, mas que as mães raramente se preocupam com eles, se bem que o esporte seja muito útil às jovens mães; da mesma forma, nossas moças são muito menos exercitadas nos esportes que nossos rapazes,

Existem outras formas de educação cultural na família, além do passeio e do esperte: organizar espetáculos a domicílio, jornais murais, manter um diário, organizar correspondência com amigos, fazer com que a criança participe nas campanhas políticas e na arrumação da casa, organizar equipes de jogos infantis, encontros, passeios, etc.

É preciso distinguir o conteúdo e a forma de todos os aspectos da educação cultural no lar. É preciso desenvolver, em cada trabalho, o máximo de atividade por parte da criança, educar não só sua maneira de ver e ouvir, mas de desejar, querer, lutar e de se esforçar para obter a vitória, vencer as dificuldades, arrastar os colegas e as crianças mais novas. Esse método ativo deve-se distinguir, ao mesmo tempo, pela ausência total de gabolice e de orgulho.

Acontece frequentemente que o primeiro êxito da criança num ou noutro trabalho desperta nela uma ideia exagerada de sua força, desprezo pelos outros e o hábito de vitórias fáceis. Isto pode traduzir-se mais tarde em dificuldades a vencer obstáculos repetidos. Sempre é bom que os pais tracem para a criança o plano de um futuro próximo, interessem-na nesse plano e velem por sua execução. A leitura de livros e jornais, a frequência ao teatro e aos museus podem fazer parte desse plano.

Em todo caso os pais devem cuidar atentamente de que esse interesse pela distração, o simples desejo de matar o tempo não passem a predominar na criança. Evidentemente cada iniciação na cultura deve trazer alegria. A principal preocupação dos pais deve ser a de unir esta alegria com a maior utilidade pedagógica. Os pais devem demonstrar certa habilidade, sem buscar complicações. Há sempre uma maneira nova e agradável de a criança ler o jornal. Pode-se, por exemplo, sugerir-lhe que faça recortes sobre determinados assuntos ou ensinar-lhe a fazer o mapa da Espanha com a indicação das fronteiras. Quando a criança é mais velha, pode-se fazer com que se interesse pela feitura de um álbum de recortes de jornal e de desenhos sobre este ou aquele assunto.

Pode-se tornar o trabalho cultural na família muito interessante e importante, e de grande significação para a educação, com a ajuda dos mais variados métodos. Mas é sempre muito importante, mesmo indispensável, que, em todo tema cultural e em toda atividade, os pais e as crianças vejam o povo soviético e nossa construção socialista. Todo esse trabalho deve orientar-se, continuamente, da atividade cultural à atividade política. A criança deve ver cada vez mais os atos heroicos de nosso povo, seus inimigos e saber que é responsável, juntamente com os outros, por sua vida cultural consciente.


Inclusão 23/09/2012