Reunião do Comité Central do POSDR(b) 16 (29) de Outubro de 1917[N218]

V. I. Lénine

16 (29) de Outubro de 1917

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Primeira Edição: Publicado pela primeira vez em 1927 no n.° 10 da revista Proletárskaia Revoliútsia.

Fonte: Obras Escolhidas em Três Tomos, 1978, t2, pp 377-379, Edições Avante! - Lisboa, Edições Progresso - Moscovo.
Tradução: Edições "Avante!" com base nas Obras Completas de V. I. Lénine, 5.ª ed. em russo, t. 34, pp. 394-397.
HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: © Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Edições "Avante!" - Edições Progresso Lisboa - Moscovo, 1977.


1 - Relatório

Acta
capa

O camarada Lenine lê a resolução adoptada pelo CC na reunião anterior. Comunica que a resolução foi adoptada com dois votos contra. Se os camaradas que votaram contra desejam pronunciar-se pode abrir-se a discussão; de momento, argumenta esta resolução.

Se os partidos dos mencheviques e dos socialistas-revolucionários rompessem com a política de conciliação poder-se-ia propor-lhes um compromisso. Esta proposta foi feita, mas estes partidos rejeitaram claramente o compromisso(1*). Por outro lado, neste período já se tinha determinado claramente que as massas nos seguiam. Isto foi ainda antes da kornilovada. Como demonstração cita a estatística das eleições em Petrogrado e em Moscovo. A kornilovada empurrou ainda mais decididamente as massas para nós. Correlação de forças na Conferência Democrática. A situação é clara: ou ditadura kornilovista ou ditadura do proletariado e das camadas pobres do campesinato. É impossível guiar-se pelo estado de espírito das massas, pois é mutável e não pode ser calculado; devemos guiar-nos pela análise e pela apreciação objectivas da revolução. As massas deram a sua confiança aos bolcheviques e exigem deles não palavras mas acções, uma política decidida tanto na luta contra a guerra como na luta contra a ruína. Se tomarmos como base a análise política da revolução ficará completamente claro que agora até as acções anarquistas o confirmam.

Analisa depois a situação na Europa e demonstra que ali a revolução é ainda mais difícil que no nosso país; se num país como a Alemanha as coisas chegaram à insurreição na esquadra, isso demonstra que também ali as coisas já chegaram muito longe. A situação internacional dá-nos uma série de dados que mostram que, agindo agora, teremos a nosso lado toda a Europa proletária; demonstra que a burguesia quer entregar Petrogrado. Disto só nos podemos salvar tomando Petrogrado nas nossas mãos. A conclusão clara de tudo isto é que está colocada na ordem do dia a insurreição armada, de que se fala na resolução do CC.

No que se refere às conclusões práticas a extrair da resolução, será mais conveniente formulá-las depois de se escutarem os relatórios dos representantes dos centros.

Da análise política da luta de classes tanto na Rússia como na Europa decorre a necessidade da política mais decidida, mais activa, que só pode ser a insurreição armada.

2 - Intervenções

Acta
1.

O camarada Lenine polemiza com Miliútine e Schotman e demonstra que não se trata de forças armadas, que não se trata da luta contra as tropas, mas da luta de uma parte das tropas contra outra. Não vê pessimismo no que se disse aqui. Demonstra que as forças que estão ao lado da burguesia não são grandes. Os factos demonstram que temos superioridade sobre o inimigo. Porque é que o CC não pode começar? Isto não decorre de todos os dados. Para pôr de lado a resolução do CC é preciso demonstrar que a ruína não existe, que a situação internacional não conduz a complicações. Se os representantes dos sindicatos exigem todo o poder, compreendem magnificamente o que querem. As condições objectivas demonstram que o campesinato precisa de ser conduzido; seguirá o proletariado.

Teme-se que não conservemos o poder, mas temos precisamente agora especiais probabilidades de conservar o poder.

Exprime o desejo de que os debates decorram no plano da discussão do fundo da resolução.

2.

Se todas as resoluções fossem reprovadas assim, nada de melhor se poderia desejar. Zinóviev diz agora que deve pôr-se de parte a palavra de ordem «o poder aos Sovietes» e fazer pressão sobre o governo. Se se diz que a insurreição amadureceu, então não se pode falar de conjuras. Se politicamente a insurreição é inevitável, então é preciso considerá-la como uma arte. E politicamente ela já amadureceu.

Precisamente porque só há pão para um dia não podemos esperar pela Assembleia Constituinte. Propõe que se confirme a resolução, que se inicie decididamente a preparação e que se deixe ao CC e ao Soviete o cuidado de decidir quando.

3.

O camarada Lenine objecta a Zinóviev que não se pode contrapor esta revolução à revolução de Fevereiro. Sobre o fundo da questão propõe uma resolução.

Resolução

A reunião saúda inteiramente e apoia plenamente a resolução do CC, apela para todas as organizações e todos os operários e soldados para prepararem da maneira mais intensa e em todos os seus aspectos a insurreição armada, para apoiarem o centro para tal criado pelo Comité Central e exprime a plena convicção de que o CC e o Soviete oportunamente indicarão o momento propício e os meios apropriados para a ofensiva.


Notas de rodapé:

(1*) Ver "Sobre os Compromissos" (N. Ed.) (retornar ao texto)

Notas de fim de tomo:

[N218] A reunião alargada do Comité Central do POSDR(b) realizou-se em Petrogrado no dia 16 (29) de Outubro de 1917. Lenine interveio com um relatório sobre a resolução do CC acerca da insurreição armada aprovada na reunião de 10 (23) de Outubro. Kámenev e Zinóviev intervieram novamente contra a insurreição, tentando apresentar as coisas como se os bolcheviques contassem com muito poucas forças e, portanto, fosse necessário esperar a Assembleia Constituinte. Kámenev e Zinóviev foram duramente criticados pela sua posição capitulacionista. A resolução proposta por Lenine foi aprovada por 19 votos a favor, 2 contra e 4 abstenções. Em sessão à porta fechada, o CC criou, para dirigir a insurreição armada, um Centro Militar Revolucionário composto por membros do CC. (retornar ao texto)

Inclusão 30/01/2011