O Trabalho da Mulher na Fábrica

V. I. Lênin

Março de 1899


Primeira Edição: De "O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia", publicado pela primeira vez em 1899. (Obras Completas, 3ª ed. russa, vol. III, pág. 428.)
Fonte: O Socialismo e a Emancipação da Mulher, Editorial Vitória, 1956.
Tradução: Editorial Vitória.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo, setembro 2007.
Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.

capa

(. . .) Falando sobre a transformação que a fábrica operou nas condições de vida da população, deve-se observar que a incorporação de mulheres e de adolescentes à produção(1*) é no fundo, um fenômeno progressista. Não há dúvida de que a fábrica capitalista põe essas categorias da população operária numa situação particularmente difícil; não há dúvida de que a estas mais do que às outras, é necessário reduzir e regular a jornada de trabalho, assegurar condições higiênicas de trabalho etc., mas a tendência a proibir por completo o trabalho das mulheres e dos adolescentes na indústria ou a manter o regime patriarcal, que não admitia esse trabalho, seria reacionária e utópica. Destruindo o isolamento patriarcal dessas categorias da população que anteriormente não saíam dos estreitos limites das relações familiares e domésticas; atraindo-as à participação direta na produção social, a grande indústria mecanizada acelera seu desenvolvimento, amplia sua independência, isto é, cria condições de vida infinitamente superiores à imobilidade patriarcal das relações pré-capitalistas(. . .) (2*).


Notas de rodapé:

(1*) Segundo o Índice, as fábricas da Rússia européia empregavam em 1830 875.764 operários, dos quais 210.207 mulheres (24%); 17.793 rapazes (2%) e 8.216 moças (1%). (Nota de Lênin.) (retornar ao texto)

(2*) «A pobre tecelã segue o pai e o marido para a fábrica, trabalha a seu lado e independentemente deles. Sustenta sua família do mesmo modo que um homem. » «Na fábrica (. . .) a mulher é um produtor absolutamente independente, da mesma forma que seu marido.» Entre as operárias da fábrica, a instrução se difunde rapidamente. (As Indústrias do Município de Vladimir, III, págs. 113, 118, 112 e outras.) A conclusão seguinte do Sr. Kharizomenov é inteiramente justa: a indústria põe fim «à dependência econômica da mulher no âmbito da família (. . .) e diante dos homens (. . .)» «Na fábrica a mulher se torna igual ao homem: é a igualdade do proletário (. . .) A indústria capitalista tem um papel importante na luta da mulher por sua independência na família.» «A indústria cria para a mulher uma situação nova, completamente independente da família e do marido.» (Juriditcheskl Viestnik («O Mensageiro Jurídico»), 1883, n.º 12, págs. 582-586.) Na Coletânea de Informações Estatísticas da Província de Moscou (vol. VII. Moscou, 1882, págs. 152, 138-139) os informantes comparavam a situação da operária na fabricação manual e na fabricação mecânica de meias. No trabalho a mão, o salário é de cerca de 8 copeques por dia; no trabalho a máquina, de 14 a 30. A situação da operária na fabricação a máquina é descrita da seguinte maneira: «(. . .) Diante de nós te mos uma jovem já livre e a quem nada atemoriza, emancipada da família e de tudo aquilo que caracteriza as condições de existência da camponesa, uma jovem que pode, em qualquer momento, mudar de lugar e de patrão, e que pode, em qualquer momento, ficar sem trabalho (. . .) sem um pedaço de pio (. . .) Na produção manual, a mulher que trabalha em malhas tem um salário mesquinho, que não basta para cobrir as despesas de sua comida, a menos que ela pertença a uma família com fazenda, com nadiel (lote de terra comum) — (N. da ed. bras.) e se beneficie, em parte, dos produtos dessa terra; na produção mecanizada, a operária, além da comida e do chá, tem um salário que até lhe permite (. . .) viver fora da família sem recorrer às entradas que a família retira da terra (. . .) Ao mesmo tempo, nas condições atuais, a retribuição da operária na indústria mecanizada é mais segura.» (Nota de Lênin.) (retornar ao texto)

Inclusão 18/02/2008