Discurso na Solenidade em Honra dos Professores Rurais Condecorados

M. I. Kalinin

8 de Julho de 1939


Primeira Edição: “Sobre as tarefas da intelectualidade soviética”, págs. 46-49. Edições Políticas do Estado, 1939.
Fonte: Editorial Vitória Ltda., Rio, 1954. Traduzido da edição em espanhol de "Ediciones em Lenguas Extranjeras” de Moscou 1949. Pág: 63-67.
Nota da Edição Original: Neste livro foram compilados discursos e artigos escolhidos de Mikhail Ivánovitch Kalínin dedicados à educação comunista, que abarcam um período de quase vinte anos. Alguns dos discursos são reproduzidos com pequenas reduções.
Transcrição e HTML:
Fernando A. S. Araújo.
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Camaradas: Torna-se evidente para todos que a condecoração dos professores nacionais com ordens e medalhas tem uma grande significação política. Com estas condecorações, o Governo e o povo soviéticos elevam o professor nacional a uma grande altura.

Logicamente surge a pergunta: para quê se necessita que o professor nacional esteja situado a uma grande altura?

A classe operária e o campesinato, em outras palavras, todo o povo que tomou o Poder em suas mãos quer manter esse Poder, quer construir uma nova vida, isto é, o comunismo; quer que todos os povos do mundo tomem a União Soviética como exemplo nesse sentido. E para consolidar definitivamente esse Poder e construir o comunismo é preciso que o povo tenha sua própria intelectualidade, é preciso que o povo adquira cultura, é preciso que desapareça toda oposição e toda diferença entre o trabalho intelectual e o trabalho físico. Mas quando será que o trabalho intelectual terá deixado de diferenciar-se do trabalho físico? Somente quando todos os homens, quando todo o povo de nosso país seja um povo instruído, quando tenhamos edificado o comunismo.

Fazer com que todo o povo da enorme e multinacional União Soviética seja um povo instruído é uma das maiores tarefas. Mas nós não só queremos que seja instruído, queremos além disso que nosso povo receba uma educação soviética, comunista. Queremos que nossa escola proporcione uma educação comunista. E o que significa isso? Precisamente sobre esse tema quero dizer umas quantas palavras.

Sabeis perfeitamente que não só nas escolas primárias, como nem tampouco nas secundárias se estuda a fundo o marxismo.

Mas quando falamos da educação comunista não nos referimos ao ensino da doutrina do marxismo, mas precisamente à educação. Há uma enorme diferença entre ensino e educação! Eu mesmo poderia ensinar os princípios da aritmética aos alunos de primeiro ano (demonstrações ruidosas de aprovação, aplausos), mas a educação é um assunto muito mais complicado. Não é em vão que se dizia antes que a família educa o homem, que o meio educa o homem, que a escola imprime seu timbre no homem. A educação é uma das tarefas mais difíceis — refiro-me à verdadeira educação, a uma educação acertada.

Que quer dizer educar? Educar é influir sobre a fisionomia psíquica e moral do aluno, é influir num determinado sentido durante seus dez anos de estudo, isto é, fazer dele um homem. Educar é portar-se com os alunos de tal forma que, quando se resolvam os infinitos choques e mal-entendidos inevitáveis na vida escolar, os meninos cheguem a convencer-se de que o professor procedeu corretamente. Isto deixa uma profunda marca na alma infantil. Se o professor qualificou com parcialidade um aluno preguiçoso, estou convencido de que essa classificação parcial não deixará de repercutir na psicologia dos alunos. Pois o problema reside precisamente nisto, em que o professor está metido numa espécie de sala de espelhos, submetido aos olhares de centenas de penetrantes e impressionáveis olhos infantis, com uma capacidade assombrosa de captar tanto os aspectos positivos do professor como os seus lados negativos. A educação dos alunos estriba-se antes de tudo na conduta do professor na aula, em sua atitude para com os alunos. E isto é o que faz da educação algo sumamente difícil.

Com isto não quero de forma alguma voltar as costas à necessidade de uma boa instrução para os meninos. Para vós, como professores, isto é evidente. Mas o trabalho educativo escapa muitas vezes à atenção do professor, quando na realidade tem uma enorme importância para a formação do caráter e da fisionomia moral dos garotos. Muitos professores esquecem seu dever de pedagogos. E o pedagogo é um arquiteto de almas humanas. Está claro que para saber influir sobre os alunos no sentido necessário se requer uma capacidade especial. Mas isto não é tudo. Para poder exercer conscientemente uma determinada influência é preciso que o próprio professor seja uma pessoa muito culta e, positivamente, muito instruída.

Pois, em realidade, o Estado e o povo lhe confiam os meninos, isto é, lhe confiam seus homens numa idade em que se pode influenciá-los com a maior facilidade; lhe confiam a educação, o desenvolvimento e a formação dos meninos, isto é, põem nas mãos do professor suas esperanças e seu futuro. Essa grande confiança implica para o professor numa enorme responsabilidade. É claro que os professores devem ser pessoas que, duma parte, possuam uma grande instrução e, de outra, sejam de uma honradez cristalina. Pois a honradez, o caráter insubornável, no sentido mais elevado da palavra, além de impressionar o menino, e contagia-o e deixa nele um sinal profundo para o resto da vida.

Pois bem, camaradas, nós queremos que nossos filhos se eduquem no espírito comunista, queremos que se lhes inculquem os princípios comunistas. Talvez vos ocorra perguntar: quais são esses princípios comunistas?

Os princípios comunistas tomados em seu aspecto mais simples, são os princípios de um homem altamente instruído, honrado e de vanguarda; e esses princípios são: o amor à Pátria socialista, a amizade, a camaradagem, o sentimento humano, a honradez, o carinho pelo trabalho socialista e uma série de outras elevadas qualidades fáceis de compreender para qualquer um. A educação, o cultivo dessas virtudes, dessas elevadas qualidades, é a parte mais importante da educação comunista.

Essas virtudes não podem ser inculcadas ao menino com prédicas à base de belas palavras nem com uma simples agitação verbalista. Essas virtudes só podem ser profundamente inculcadas na consciência do menino exercendo sobre ela, durante todo o período da vida escolar, uma ação continua, imperceptível e baseada em relações de camaradagem. E, naturalmente, isto só será possível quando os próprios professores dominem o marxismo-leninismo, ainda que seja em termos gerais.

Dizemos com frequência que se deve dominar o marxismo-leninismo. Devo dizer-vos — porque o sei por experiência própria — que o estudo do marxismo-leninismo ajuda extraordinariamente no trabalho, ajuda a encontrar a solução acertada de numerosíssimos problemas que surgem no trabalho de cada um. Ante nossos professores se ergue a muito difícil tarefa de educar no espírito comunista, de inculcar uma consciência comunista aos homens soviéticos. Somente se pode resolver com êxito essa tarefa sob a condição de que nossos professores não só sejam pessoas muito instruídas, como possuam também uma preparação marxista.

Nesse aspecto vos encontrais na mesma situação que eu e os camaradas sentados a esta mesa. Creio que estareis todos de acordo comigo em que nosso povo se desenvolve com extraordinária rapidez e que com igual rapidez se desenvolve seu grau de consciência, sua instrução e sua cultura e que este processo tem lugar em todos os rincões de nosso país. Agora já não temos aqueles “sórdidos” rincões, agora cada rincão de nosso país se considera uma partícula de Moscou. (Ruidosas manifestações de aprovação. Aplausos prolongados).

E que quer dizer que o povo se desenvolve? Quer dizer antes de tudo que cada ano se incorporam a nosso meio dois milhões de pessoas instruídas. E se nós, os velhos que não passamos pela escola moderna, nos obstinamos e não tratamos de colocar-nos em seu nível, pouco a pouco iremos sendo deslocados. Por isso também os professores que fizeram os seus estudos na velha escola não devem cair agora na negligência, O mestre não é só professor, é também aluno. (Aplausos)

O professor entrega a seus alunos, ao povo, todas as suas energias, seu sangue, tudo o que tem de valor. Mas, camaradas, se entregardes hoje, amanhã e depois de amanhã tudo o que tendes, e ao mesmo tempo não completardes constantemente vossos conhecimentos, vossas forças e vossa energia, resultará que ficareis sem nada. (Vozes de aprovação). De um lado, o mestre entrega; e de outro, absorve como uma esponja o melhor que têm o povo, a vida, a ciência e torna a entregar tudo isto aos meninos. (Vozes: “Muito bem!” Aplausos).

E se o professor soviético quer ser tanto hoje como amanhã um verdadeiro mestre, um mestre avançado, deve marchar sempre com a parte mais avançada do povo. Então, por muito que dê a seus alunos, se ao mesmo tempo se nutre, se absorve os melhores traços e as melhores qualidades do povo, sempre terá um excesso dessa seiva para a garotada.

Hoje reuniram-se aqui professores vindos de todos os confins da União Soviética. Alegra-me extraordinariamente a presença neste local de ucranianos, georgianos e professores das repúblicas autônomas. Quisera que levásseis de Moscou tudo o que Moscou vos pode dar. Quisera que vossas condecorações, que o ato de sua entrega, que a acolhida que vos foi dispensada em Moscou, que tudo isso ficasse gravado em vós para toda a vida, como luminosa recordação. (Grandes aplausos). Quisera que tudo isto representasse para vós um vinculo estreito, um laço indissolúvel que vos una com o centro, com Moscou, ou em outros termos, com o Governo soviético, com o Partido, com o camarada Stálin. E quisera que esse sentimento de união com o Governo, com o Partido e com o camarada Stálin perdurasse para sempre em vosso trabalho cotidiano. (Os presentes se erguem numa grande ovação em honra do Partido, do Governo e do camarada Stálin).


Inclusão 22/10/2012