Declarações aos Órgãos de Informação no Acto de Votar

Vasco Gonçalves

25 de Abril de 1975


Fonte: Vasco Gonçalves - Discursos, Conferências de Imprensa, Entrevistas. Organização e Edição Augusto Paulo da Gama.
Transcrição: João Filipe Freitas
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Fernando A. S. Araújo.

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As eleições e a expressão do voto identificam, plenamente, a evolução da consciência popular portuguesa, sistematicamente embrutecida pela ditadura fascista nos últimos 48 anos.

É um momento histórico para uma tarefa histórica.

Momento, também, de esperança num processo revolucionário em que todos estamos empenhados e que atingirá plenamente os seus objectivos, que outros não são que proporcionar a todos os portugueses as possibilidades duma vida melhor e a livre expressão do seu pensamento.

A reacção não desarma. Primeiro, acusava-nos de não querermos a concretização do acto eleitoral. Afirmavam que não estávamos interessados nas eleições. Agora, é ela que pretende boicotar as eleições, que procura retirar-lhe todo o seu significado. É bom que os portugueses se apercebam da táctica da reacção.

Ao ser-lhe perguntado se esperava, tão espontânea e grandiosa manifestação pública das forças progressistas portuguesas, para comemorar o 1.° aniversário da libertação e derrota do fascismo, o Primeiro Ministro retorquiu:

Não, não estava nas minhas previsões. No entanto, a espontaneidade do Povo dá-nos, quando menos o esperamos, provas concludentes do seu entusiasmo e, até, da sua maturidade em momentos que recordam datas muito justamente consideradas históricas.

O Povo não tem nada a agradecer ao MFA. Cumprimos o nosso dever histórico. Eram as Forças Armadas que tinham as armas. Eram elas, portanto, que deviam restituir a liberdade ao nosso povo.

Cumprimos o prometido no Programa do MFA. Um ano após a nossa libertação. Trata-se de um momento histórico perpetuando outro momento histórico, como os anos de 1385 ou 1386.

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