Libertemos Irlanda!

James Connolly

1899


Título original: Let Us Free Ireland!

Primeira Edição: Worker's Republic, 1899
Fonte: Alliberem Irlanda!  (Tradução para catalão de Jordi Martorell i Colomer). Militant. Portaveu del Corrent Marxista Internacional
Tradução para o português da Galiza: José André Lôpez Gonçâlez. Fevereiro, 2010......
HTML: Fernando A. S. Araújo
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Libertemos Irlanda! Prescindam dos pensamentos baixos e carnais acerca do trabalho e o salário, as casas saudáveis, ou as vidas livres da pobreza.

Libertemos Irlanda! O latifundiário que extorque não é tamém irlandês?, e logo como vamos odeiá-lo? Pois não, não falemos mal do nosso irmão, ainda que nos suba a renda.

Libertemos Irlanda! O capitalista que espreme lucros, que rouba três quartas partes dos frutos do nosso trabalho, que nos suga até o miolo dos ossos quando somos novos e depois nos lança à rua como uma ferramenta gastada quando ficamos prematuramente velhos ao seu serviço, não é tamém um irlandês, e até mesmo um patriota?, e por isso mesmo, porque teriamos de julgá-lo severamente?

Libertemos Irlanda! "A terra que nos criou a todos". E o proprietário a quem temos de pagar pola licença de viver nela. Viva a liberdade!

Libertemos Irlanda!, diz o patriota que não quer nem sentir falar do socialismo. Ajuntemo-nos todos e machuquemos o saxão br-r-utal. Ajuntemo-nos todos, diz, todas as classes e todos os credos. E, diz o trabalhador da cidade, despois de termos esmagado o saxão e de libertarmos Irlanda, que faremos? Oh, então podereis voltar aos vossos bairros, tal como antes. Viva a liberdade!

E, diz o trabalhador do campo, despois de termos libertado Irlanda, então que? Oh, então podereis continuar a esgotar-vos para pagar a renda do proprietário ou os juros do usurário, tal como antes. Viva a liberdade!

Quando a Irlanda seja livre, diz o patriota que não quer saber nada do socialismo, havemos de proteger todas as classes, e se não pagares o aluguer serás desalojado, tal como agora. Mas o grupo de desalojo, chefiado polo oficial de justiça, levará uniformes verdes e a harpa sem a coroa, e a orde que te botará para a rua levará o carimbo da República da Irlanda. A ver, não vale a pena luitar por isso?

E quando não deres encontrado emprego e renunciares à luita pola vida no desespero, entres no asilo de pobres, a banda mais próxima do regimento do Exército irlandês há de escoltar-te até a porta do asilo tocando "St. Patrick's Day". Oh, vai ser agradável viver nesses dias!

“Com a bandeira verde ondeando sobre nós” e um exército crescente de operários sem emprego passeando sob a Bandeira verde, ávidos por alguma cousa para comer. O mesmo que agora! Viva a liberdade!

Olhe, meu amigo, eu também sou irlandês, mas sou um pouquinho mais lógico. O capitalista, acho, é um parasito da indústria; tão inútil na fase actual do nosso desenvolvimento industrial como qualquer outro parasito do mundo animal ou vegetal é para a vida do animal ou vegetal de que se alimenta.

A classe trabalhadora é a vítima deste parasito — desta sanguessuga humana, e é o dever e o interesse da classe operária utilizar todos os meios ao seu alcance para expulsar essa classe parasitária da posição que lhe permite lucrar-se das vitalidades do trabalho.

Em vista disso, eu lhes digo, organizemo-nos como classe para enfrentarmos os nossos amos e destruir a sua dominação; organizemo-nos para lhes tirar o controle da vida pública polo meio do seu poder político; organizemo-nos para arrancar das suas garras de ladrões a terra e as fábricas onde e com as que nos escravizam; organizemo-nos para limparmos da nossa vida social a mancha do canibalismo social, a mancha da rapinagem do home sobre o seu próximo.

Organizemo-nos para umha vida plena, livre e feliz PARA TODOS OU PARA NINGUÉM.


Inclusão 23/02/2010