O Estado da União

Fidel Castro

27 de Janeiro de 2011


Fonte: Cuba Debate - Contra o Terrorismo Midiático.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo.
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Com grande interesse era esperado o discurso do Presidente sobre o assunto, após suas palavras no dia 12 de janeiro na Universidade de Tucson, Arizona, sobre a matança que teve lugar naquela cidade quatro dias antes. Seis pessoas morreram e 14 ficaram feridas, entre elas, a jovem congressista democrata Gabrielle Giffords, eleita pela terceira vez ao Congresso dos Estados Unidos,  e contrária à Lei anti-imigrante daquele Estado, que pertenceu ao território arrebatado ao México na injusta guerra de 1848.

O Tea Party, a direita fascista do Partido Republicano, tinha alcançado um significativo sucesso entre os eleitores que interessado em votar nas eleições desse país.

A população do Arizona, mesmo como a do resto dos Estados Unidos, reagiu com indignação. Sua conduta foi, sem dúvida, correta, e ssim o expressei.

Jamais duvidei dos fatores éticos que geralmente caraterizam os povos, independentemente da política dos governos.

Se aquele discurso de Obama foi omisso, no referente à incrível demonstração de primitivismo que reflete o uso generalizado e praticamente irrestrito de mortíferas armas de fogo, a mensagem sobre o Estado da União merece uma análise política e ética, visto que os Estados Unidos são uma superpotência da qual, independetemente do Presidente e do Congresso, depende, entre outros importantes fatores, do destino da espécie humana.

Nenhum país isolado tem enm pode ter uma resposta aos problemas que o mundo encara hoje.

Obama, em primeiro lugar, está envolvido em um processo eleitoral. Tem que falar para os democratas e os republicanos, os que votam e os que não votam, os multimilionários e os mendigos, os protestantes e os católicos, os cristãos e os muçulmanos, os crentes e os não crentes, os negros e os brancos, os que apoiam e os que não apoiam as investigações com células tronco, os homossexuais e os heterossexuais, cada cidadão e seu contrário; para terminar clamando que todos são norte-americanos, como se os 95,5%, quer dizer, os restantes 6,9 bilhões de habitantes do planeta não existissem.

Nas primeiras páginas de sua intervenção de uma hora, entrou no assunto afirmando:

“Neste momento o que está em jogo não é quem vence as próximas eleições” [...] “o que está em jogo é se novos empregos e indústrias irão se estabelecer [...].” se podemos manter a liderança que fez dos Estados Unidos não só um ponto no mapa, mas sim a luz no mundo.”

“Estamos preparados para o progresso [...] a bolsa recuperou-se com fervor. Os lucros das corporações são maiores. A economia  cresce novamente.”

Imediatamente depois destas palavras trata de nos comover com uma passagem que poderiam parecer extraída de um conhecido filme norte-americano, que as pessoas de minha geração recordam: “O que o vento levou”, relacionado com a terrível guerra civil  entre o norte industrial e o sul escravagista e agrário nos anos do homem excepcional que foi Abraham Lincoln.

“Esse mundo mudou. E para muitos, a mundança tem sido dolorosa — disse Obama. Vi nas janelas tapadas de fábricas outrora prósperas e nas vitrinas vazias de ruas principais anteriormente muito freqüentadas. Ouvi na frustração de estadunidenses que viram diminuir seus cheques de pagamento ou o desaparecimento de seus empregos; homens e mulheres orgulhosos de seu trabalho que pensam que eles mudaram as regras no meio do jogo.”

“As siderúrgicas que alguma vez precisaram de 1.000 trabalhadores agora podem fazer o mesmo trabalho com 100.”

“Enquanto isso, países como a China e a Índia perceberam que com algumas mudanças próprias, podiam concorrer neste novo mundo. [...] Há pouco, a China virou sede da maior fábrica privada de investigação solar do mundo e do mais rápido computador do mundo.”

“… mas os Estados Unidos ainda têm a maior e mais próspera economia do mundo.”

“Sabemos o que é necessário para concorrer pelos empregos e pelas indústrias de nossos tempos. Necessitamos inovar mais, educar melhor e construir mais do que o resto do mundo. Devemos fazer com que os Estados Unidos sejam o melhor lugar do mundo para fazer negócios [...] E nesta noite gostaria falar sobre como chegar até lá.”

Obama jamais fala das grandes empresas monopólicas que hoje controlam e saqueiam os recursos do planeta. Jamais menciona o acordo de Bretton Woods, o sistema imposto a um mundo devastado pela guerra, no qual os Estados Unidos assumiram o controle das instituições financeiras e do Fundo Monetário Internacional, onde mantêm de maneira férrea o poder de veto. Jamais diz uma palavra sobre o colossal fraude de Nixon em 1971, quando suspendeu unilateralmente a conversão do dólar em ouro, imprimiu notas  norte-americanas sem limite algum e adquiriu incontáveis bens e riquezas no mundo,  que pagou fundamentalmente com papéis, cujo valor em 40 anos diminui em 2,5% com respeito ao que existia nessa altura.

Obama gosta de narrar, no entanto, histórias líricas sobre pequenos empresários que supostamente deslumbram, enlevam e comovem os ouvintes que não estão cientes da realidade. Sua oratória, seu estilo e seu tom parecem desenhados para escutar, como crianças disciplinadas, seus comovedores contos.

“Robert e Gary Allen são irmãos que têm uma pequena companhia de coberturas  em Michigan. Após o 11 de setembro, ofereceram seus melhores operários para ajudarem a reparar o Pentágono. Mas a recessão os afetou muito, e sua fábrica operava com a metade de sua capacidade. Atualmente, com ajuda de um empréstimo do governo, esse espaço é usado para a fabricação de telhas fotovoltaicas que são vendidas no país todo. Segundo palavras de Robert; ‘Reiventamo-nos’.

“Estamos lançando um desafio. Dizemos aos cientistas e engenherios dos Estados Unidos que se constituem equipes com os melhores cérebros em sua área, se centram sua atenção nos problemas mais defíceis de energia limpa, financiaremos os projetos Apolo de nossa era.”

Deixa-nos logo sem respiração:

“No California Institute of Technology, estão a desenvolver uma maneira de converter energia solar e água em combustível para nossos veículos.”

Salvou-se o planeta! Ou pelo menos, não morrerá por excesso de CO2 ou por falta de energia. Traz à minha memória  uma história de há mais de 40 anos, quando um grupo empreendedor de jovens cientistas falaram-me com grande entusiasmo dessa mesma idéia, a partir de princípios teóricos, e em minha cega fé cientista, tentei conseguir tudo o que solicitavam, incluida uma instalação isolada onde passaram anos com tal ânimo que até explodiu um motor que quase mata um grupo deles, e apesar disso continuaram a tarefa.

Não vou negar nada, e ainda menos a um super instituto de Califórnia mas, por favor, senhor Presidente, informe o mundo sobre essa possibilidade para que muitos outros cientistas trabalhem nessa mesma direção. Não é questão de lucros, a humanidade estará disposta a lhe pagar tudo o que seus cientistas queiram, e tenho a certeza de que até Michael Moore concordaria com que lhe seja concedido a você 10 prêmios Nobel.

Imediatamente, e após outro comentário alentador sobre Oak Ridge National Laboratory, e supercomputadores para que as instalações nucleares produzam mais energia, o Presidente nos garante:

“Com mais investigação e incentivos, podemos acabar com nossa dependência do petróleo, com biocombustíveis, e nos converter no primeiro país a ter um milhão de veículos elétricos em marcha no ano 2015. (Aplausos)”.

Imperturvável, o Presidente continua:

“Pensem. Nos próximos dez anos quase metade de todos os novos empregos exigirão um nível de instrução superior, não só estudos secundários. Contudo, até uma quarta parte de nossos estudantes nem sequer acabam os estudos secundários. A qualidade de nosso ensino de matemáticas e ciências é inferior à de muitos outros países. Os Estados Unidos passaram a ser os nonos em termos da proporção de jovens com formação universitária. Então a pergunta é se nós, como cidadãos e como pais, temos disposição para fazer o que for necessário para dar a cada criança a oportunidade de obter bons resultados.”

“Atingiremos a meta que tracei há dois anos: que nos finais desta década, os Estados Unidos tenham a mais alta proporção de formados universitários no mundo. (Aplausos).”

“Outros vêm do estrangeiro para estudar em nossas instituições superiores e universidades. Mas apenas obtem o título, nós os enviamos de volta a seus países para que possam concorrer contra nós. Não faz sentido nenhum.”

Logicamente este roubo insólito e confesso de cérebros, que o nosso amigo Obama nem sequer tem a intensão de dissmular, devemos disculpar  em consideração a sua paixão pela ciência e pela concorrência sadia.

“O terceiro passo para conquistar o futuro é recosntruir os Estados Unidios. Para atrair novas empresas a nossas costas, precisamos das vias mais ràpidas para transportar pessoas, produtos e informação, desde trens de alta velocidade até a Internet de alta velocidade.

“Nossa infra-estrutura parecia ser a melhor, mas já não somos os primeiros. As casasa da Coreia do Sul agora têm melhor acesso à Internet do que as nossas. A Rússia e os países da Europa investem mais em suas estradas e ferrovias que nós. A China constrói trens mais rápidos e aeroportos mais novos.”

“… nos últimos anos começamos a reconstruir para o século XXI um projeto que tem gerado milhares de empregos bem  remumerados no gravemente afetado setor da construção. E esta noite, proponho-lhes redobrar esses esfoprços.”

“Nos próximos cinco anos, faremos o possível para que as empresas façam chegar a seguinte geração de tecnologia sem fios de alta velocidade a 98% dos estadunidenses [...] Significa que desde uma comunidade rural de Iowa ou Alabama, os trabalhadores e pequenos empresários poderão vender seus produtos em todo o mundo.”

“… farão com que os Estados Unidos sejam um melhor lugar para fazer negócios e gerar empregos.”

“… um exército de lobistas fez com que o código tributário favoreça determinadas companhias e indústrias.”

“… fixamo-nos a meta de duplicar nossas exportações para 2014, porque quanto mais exportemos, mais empregos seremos capazes de criar no país [...] Recentemente assinamos acordos com a Índia e a China que vão respaldar mais de 250 mil empregos aqui nos Estados Unidos.”

“… deixei claro que [...] só assinaria acordos que beneficiem aos trabalhadores estadunidenses e promovam emp`regos nos Estados Unidios. [...] é o que tento fazer ao procurar acordos com o Panamá e a Colômbia…”

Algumas das coisas que Obama dão uma idéia dos dramáticos sofrimentos que em pleno século XXI têm  que suportar os mais pobres em seu próprio país. Por exemplo, conta-nos:

“Não estou disposto a dizer a James Howard, paciente do Texas que sofre de câncer no cérebro, que é possível que seu tratamento não seja coberto.”

“Vivemos com um legado de despesas em déficit que se iniciou há quase uma década.  Depois da crise financeira, algo disso era necessário para manter o fluxo de crédito, para preservar os empregos e colocar dinheiro nos bolsos das pessoas.”

“… esta noite proponho que, a partir deste ano, congelemos o gasto público nacional anual durante os próximos cinco anos.”

“O secretário de Defesa também aceitou cortar dezenas de bilhões de dólares em despesas, que ele e seus generales consideram que podem prescindir.”

“E se na verdade nos importa o nosso déficit, simplesmente não podemos dar-nos ao luxo de uma extensão permanente de cortes tributários para os 2% mais ricos dos estadunidenses. Antes de tomar o dinheiro de nossas escolas ou de nossas bolsas de estudo, temos que exigir que os milionários renunciem a seu corte tributário.”

“E se realmente nos importa o nosso déficit, simplesmente não podemos nos darmos ao luxo de uma extensão permanente de recortes tributários para os 2% mais ricos dos norte-americanos. Antes de tomar o dinheiro de nossas escolas ou bolsas de estudo para os alunos, temos que exigir que os milionários renunciem a seu corte de impostos.”

“Já que vocês merecem saber quando seus funcionários públicos se reúnem com  lobistas, vou pedir ao Congresso que faça o que a Casa Branca já fez: colocar essa informação na Internet.”

“Já que vocês merecem saber quando seus funcionários públicos se encontram com lobistas, vou pedir ao Congresso para fazer o que a Casa Branca já fez: colocar essa informação na internet”  

Eu acho que a simples presença de um exército de lobistas trabalhando e negociando com membros do Congresso, é um fato vergonhoso para qualquer país civilizado.

“…o exemplo moral dos Estados Unidos deve brilhar  sempre para todos aqueles  que anseiam liberdade, justiça e dignidade”, disse o senhor Obama, e logo passa para um outro tema.

“Considerem o Iraque, onde cerca de 100 mil de nossos bravos homens e mulheres têm saído de cabeças erguidas”.

“Considerem o Iraque, onde aproximadamente 100 000 de nossos corajosos homens e mulheres têm saído de cabeças erguidas.”

Missão cumprida!, lembrei.

“Graças à aprovação por republicanos e democratas do Novo Tratado START — continuou Obama — serão desdobradas menos armas e lançadores nucleares.”

“Devido a um esforço diplomático de insistir para que o Irã cumpra suas obrigações, o governo do Irã enfrenta agora sanções mais fortes, sanções mais severas do que nunca antes. E na Península de Coréia, apoiamos o nosso aliado, a Coréia do Sul e insistimos que a Coréia do Norte cumpra seu compromisso de abandonar as armas nucleares.”

O Presidente, como se pode ver, não diz nada sobre o assassinato seletivo de cientistas iranianos realizado pelas agências de inteligência dos Estados Unidos e os seus aliados, que ele conhece muito bem.

Em vez disso, nos amplia a informação:

“Estas são apenas algumas das formas com que estamos forjando um mundo que favorece a paz e a prosperidade. Com nossos aliados na Europa revitalizamos a OTAN e aumentamos a nossa cooperação em todas as áreas, desde o antiterrorismo até a defesa antimísseis.”

É claro que o nosso ilustre amigo não diz uma só palavra sobre a necessidade urgente de impedir que o aquecimento global continue incrementando-se aceleradamente, ou das chuvas catastróficas e das nevadas que recentemente afetaram o mundo, nem fala da crise alimentar que neste momento ameaça 80 países do Terceiro Mundo, tampouco fala das dezenas de milhões de toneladas de milho e soja que as grandes empresas dos Estados Unidos estão dedicando à produção de biocombustíveis, enquanto a população mundial, que já alcança a cifra de 6 900 milhões de habitantes, ascenderá a 7 bilhões em 18 meses.

“No mês de março — continua Obama — viajarei para o Brasil, Chile e El Salvador para forjar novas alianças em todo o continente americano.”

No Brasil, evidentemente, poderá apreciar os danos, os mortos e os desaparecidos causados pelas chuvas sem precedentes que acabam de afetar as cidades de Rio de Janeiro e São Paulo. Será, sem dúvidas, uma ocasião propícia para realizar uma auto-critica pelo fato de que os Estados Unidos se recusaram a assinar o acordo de Kyoto, e impulsionaram, já sob seu próprio governo, a política suicida de Copenhague.

No Chile, agora a política se complica. É claro que alguém deve prestar homenagem a Salvador Allende e aos milhares de chilenos assassinados pela tirania de Pinochet, que os Estados Unidos impuseram ao Chile. Acrescenta-se a isto o que explico mais tarde. Outra situação embaraçosa deve acontecer em El Salvador, onde as armas fornecidas pelos Estados Unidos e as forças treinadas e educadas em escolas militares de contra-insurgência dos Estados Unidos torturaram e perpetraram horríveis crimes contra os combatentes da FMLN, cujo partido obteve o voto da maioria nas eleições efetuadas recentemente.

Apenas é possível acreditar no que se lê a seguir, quando o Presidente diz:  

”Em todo o mundo estamos apoiando aqueles assumem a responsabilidade, ajudando os agricultores a produzir mais alimentos, apoiando os médicos para que cuidem dos doentes…”

Muitas pessoas conhecem o que os Estados Unidos fizeram com os nossos médicos na Venezuela e outros países da América Latina, urdindo planos visando promover deserções e oferecendo-lhes vistos e dinheiro nos Estados Unidos para que abandonem sua difícil e abnegada tarefa. Ninguém esquece tampouco os acordos de livre comércio e os enormes subsídios aos produtos agrícolas dos Estados Unidos para arruinar os produtores de cereais e de grãos na América Latina. Com estas práticas arruinaram a produção de milho e de outros cereais no México, tornando-o dependente da agricultura norte-americana.

Em países tão pobres como o Haiti, que quase se autoabastecia de arroz, as multinacionais arruinaram a produção à base de excedentes subsidiados e impediram que o país se abastecesse desse produto e oferecesse crescente emprego aos milhares de trabalhadores haitianos. Agora, de acordo com o discurso de Obama, os Estados Unidos são o campeão olímpico da assistência médica e da honradez administrativa do mundo. Estes temas são extensos e difíceis de abordar em apenas uma Reflexão.

Queremos lembrar que os países industrializados são os principais saqueadores de médicos e cientistas dos países do Terceiro Mundo. O orçamento militar dos Estados Unidos ultrapassa o de todos os outros países juntos; suas exportações de armas são o dobro ou o triplo dos demais estados; seus arsenais nucleares desdobrados somam mais de 5 000 armas estratégicas; suas bases militares no exterior ultrapassam as 500; seus porta-aviões nucleares e frotas navais dominam todos os mares do planeta. Acaso o sonho americano “pode ser modelo para o mundo”? A quem pretende enganar o Presidente dos Estados Unidos com esse discurso?

Nas páginas finais de sua mensagem delirante, disse:  

“É por esse sonho que estou diante de vocês esta noite. É por esse sonho que um jovem da classe operária de Scranton pode sentar-se atrás de mim. É por esse sonho que alguém que começou varrendo o chão do bar de seu pai em Cincinnati pode ser presidente da Câmara dos Representantes no país mais grandioso do mundo “.  

“E esse sonho é o caso de um pequeno empresário chamado Brandon Fisher”.  

“Brandon abriu uma empresa em Berlim, na Pensilvânia, que se especializa em um novo tipo de tecnologia de perfuração. E um dia no verão passado viu a notícia de que no outro lado do mundo, 33 homens foram presos em uma mina no Chile e que ninguém sabia como salvá-los.  

“Mas Brandon pensou que sua empresa podia ajudar. E então, organizou um resgate que foi conhecido como o Plano B. Seus empregados trabalharam dia e noite para fabricar o equipamento de perfuração necessário. E Brandon partiu para o Chile.  

“Junto com os outros, começou a perfurar no solo um buraco de 2 000 metros, trabalhando três ou quatro horas – três ou quatro dias contínuos às vezes sem dormir. Trinta e sete dias mais tarde, o Plano B teve êxito, e os mineiros foram resgatados. (Aplausos) Mas, como não queria toda essa atenção, Brandon não estava lá quando os mineiros saíram à superfície. Já havia regressado para casa para trabalhar em seu próximo projeto.  

“E mais tarde, um de seus empregados disse sobre o resgate: ‘Provamos que Center Rock é uma empresa pequena, mas que fazemos grandes coisas’ (Aplausos).”  

Obama falou na noite de 25 para 26. Hoje, 27 de janeiro, a agência de notícias norte-americana AP comunicou à imprensa mundial o seguinte:

“O chefe da equipe de resgate que recuperou com vida os 33 mineiros, presos por 69 dias no fundo de uma mina no Chile, corrigiu o presidente Barack Obama sobre o papel dos Estados Unidos no resgate.  

“‘Crer que foram eles unicamente os partícipes do sucesso, acho que é exagerado. Não me parece correto’, disse ao jornal El Mercurio, o engenheiro chileno Jorge Sougarret, que liderou o resgate dos mineiros, no mês de outubro.”  

“Obama disse que — Brandon Fisher —  “…viu uma notícia que veio do outro lado do mundo, 33 homens foram presos em uma mina no Chile e que ninguém sabia como poderiam salvá-los.”  

“…Fisher ‘escolheu um projeto de resgate, conhecido como o Plano B. Seus empregados trabalharam, numa corrida contra o tempo, para fabricar o equipamento necessário para o salvamento. Trinta e sete dias depois, o Plano B teve êxito e os mineiros foram resgatados. ”  

“Sougarret disse que Fisher não desenhou o plano de resgate, um dos três que foram usados para trazer à superfície os mineiros, mas que a sua empresa forneceu os martelos usados pelas perfuradoras. E que lhe pagaram $100 mil dólares estadunidenses pelos martelos.  

“O que eles fizeram foi colocar à nossa disposição uma técnica, como houve outras mais. Não foi exclusiva. Por isso se chamou Plano B. E o Plano A e C continuaram funcionando. Portanto, não é uma operação exclusiva o que eles fizeram. Não há dúvidas de que toda sua equipe participou nos trabalhos, o que permitiu finalmente que chegássemos ao sucesso”, disse Sougarret.  

“O chefe da equipe de resgate, gerente de uma das cinco grandes jazidas de cobre de propriedade estatal, disse que a equipe técnica integrada pela empresa estatal Codelco e duas grandes mineiras privadas decidiu levar à prática o Plano B, que culminou com sucesso no dia 13 de outubro, com o resgate através de uma sonda introduzida pela perfuração”  

Depois de elogiar a façanha da pequena empresa Center Rock, independentemente dos méritos pessoais e da capacidade que possa ter o jovem Brandon Fisher, Obama, em sua desmedida apologia que o levou a nem sequer mencionar os esforços dos resgatistas chilenos que levavam semanas trabalhando com afinco para salvar os mineiros presos, terminou seu incendiado discurso:  

“A idéia dos Estados Unidos perdura. Nosso destino continua sendo o que nós decidimos que seja. E esta noite, mais de dois séculos mais tarde, é graças à nossa gente que o nosso futuro está cheio de esperança, nossa travessia continua e o estado de nossa nação é sólido.  

“Obrigado, que Deus abençoe vocês e que Deus abençoe os Estados Unidos da América. (Aplausos) ”  

É difícil que Deus possa abençoar tanta mentira.


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Inclusão 30/08/2016