A autocrítica de Bush

Fidel Castro

25 de Setembro de 2008


Fonte: Cuba Debate

Transcrição e HTML: Fernando Araújo.


capa

Em um breve discurso de 15 minutos, o Presidente dos Estados Unidos afirmou coisas que ditas por qualquer adversário teriam sido classificadas de atrozes e cínicas calúnias contra o sistema econômico de seu país, que ele chamou de “capitalismo democrático”.

Depois fazer um apelo dramático para que o Congresso lhe alocasse 700 bilhões de dólares adicionais, com o intuito de encarar a crise, entre outras razões, baseou-se nas seguintes causas:

Findou suas palavras agradecendo.

Alguns assinalam o fato de que Bush não tirou um minuto os olhos do teleprompter com a testa franzida.

George W. Bush não só confessou ontem essas verdades, senão que lançou outra espécie de Aliança para o Progresso.

O primeiro de todos foi o colossal engano de Punta del Este em 1961, concebido por Kennedy depois da Revolução em Cuba.

O penúltimo, como é conhecido, foi o de Bill Clinton e chamou-se Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), assinada em 1994. Este recebeu o tiro de graça em Mar del Plata no ano 2005.

O mesmo dia da “autocrítica”, Bush lançou a ICPA: Iniciativa para o Caminho para a Prosperidade em América.  Aliás, é uma denominação ridícula.

Ao ver a lista dos dez países latino-americanos envolvidos em Nova York com a Iniciativa, pude observar a ausência do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador, Venezuela e Nicarágua, quer dizer, quase todos os da América do Sul e um da América Central, cujo ex-Chanceler, Miguel D’Escoto, sandinista e sacerdote da Teologia da Libertação, preside neste momento a Assembléia Geral das Nações Unidas.

De acordo com a fantasia recorrente de Bush, o projeto sobre o qual falavam as agências de notícias, segundo as palavras do Presidente aos governos dos dez países latino-americanos presentes,

“permitirá trabalhar para garantir que os lucros do comércio sejam amplamente compartilhados.”

“Aprofundará as conexões entre os mercados regionais e vai alargar a nossa cooperação em assuntos de desenvolvimento.”

“Convêm-nos continuar abrindo mercados, especialmente em nossa própria vizinhança."

Tais fatos constituem um excelente material de estudo para a batalha ideológica.

Que progresso pode garantir o imperialismo a qualquer país da América Latina com suas armas atômicas, sua indústria armamentista, suas frotas de porta-aviões nucleares escoltados, suas guerras de conquista, o intercâmbio desigual e o saque permanente de outros povos?

Dentro do “capitalismo democrático”, a autocrítica não é uma categoria incluída. De qualquer maneira, não é preciso ser ingratos nem mal-educados: devemos dar graças a Bush por sua genial contribuição à teoria política.


Fonte
logo
Inclusão 09/07/2019